Nasce uma nova entidade setorial: de redes neutras
Uma nova entidade do setor de telecomunicações está prestes a ser anunciada ao mercado. Irá aglutinar as empresas de redes neutras. A entidade está na fase final de contratação do principal executivo (que será escolhido por empresa de headhunter ) e da aprovação definitiva do nome fantasia que representará a associação.
Segundo Alex Jucius, Chief Marketing Officer (CMO) da Fibrasil, a entidade começa com a representação de quatro empresas, mas todos os provedores regionais que atuam com redes neutras serão muito bem-vindos em se incorporar à entidade. ” Estaremos focados na banda larga fixa, e por isso não teremos a representação de operadoras de serviços móveis”, afirmou.
A entidade contará com uma diretoria executiva e um conselho de administração, que terá a representação dos associados. E já tem como pauta buscar uma solução para um dos principais problemas enfrentados atualmente pelo setor, que é o uso dos postes das concessionárias de energia elétrica pelas operadoras de telecomunicações.
E, conforme Jucius, a entidade vai representar a voz das empresas de redes neutras no debate, buscando mostrar que elas podem destrinchar o emaranhado do problema. Na avaliação do executivo, o acúmulo de cabos de telecom nos postes dá-se, na maioria das vezes, em lugares determinados das grandes cidades brasileiras, onde se concentram os principais demandadores de capacidade de rede, ou seja, o mercado corporativo. ” Vamos mostrar que, na ponta do lápis, é muito mais barato contratar as nossas redes para oferta do serviço, e acabar com o problema”, completou.
Além do compartilhamento dessa infraestrutura, a associação estará também voltada para interagir com os municípios e estados nas questões relacionadas à ocupação do solo urbano. Em relação aos temas regulatórias, embora essas redes não sejam reguladas pela Anatel, a associação deverá acompanhar o debate sobre o novo Plano Geral de Metas de Competição (PGMC)
Saiba quais são as empresas que participam da criação da entidade de redes neutras:
ATC – American Tower
A empresa, que tem um fundo imobiliário estadunidense como controlador, sediada em Boston, chegou ao Brasil em 2000. A partir de 2010 começa a comprar sites das operadoras de telecom brasileiras. Adquire torres da Telefônica/Vivo, Site sharing, Nextel, BR Towers. É a primeira empresa a comercializar serviços de Internet das Coisas (IoT). Em 2018 dá o passo mais importante para se transformar em uma provedora de rede neutra, ao comprar a rede da Cemig Telecom, pelo valor de R$ 571 milhões. Fica com redes de fibra em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, além de POPs, em Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Goiânia (GO).
Fibrasil
A Fibrasil foi criada como unidade independente do grupo espanhol Telefônica/Vivo em fevereiro 2021, que já anunciava a busca de um sócio para deter com metade do negócio e, assim, ser enquadrada como empresa de rede neutra. Como cliente “âncora” a Telefônica repassa para a nova unidade 1,6 milhão de residências já cabeadas. Em março do mesmo ano, o fundo canadense Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ) ingressa como sócio da empresa, pagando R$ 1,8 bilhão em duas parcelas por 50% das ações com direito a voto da nova empresa. O plano de negócios da FiBrasil visa atingir cerca de 5,5 milhões de lares em 4 anos, com foco em cidades médias fora do estado de São Paulo.
I-Systems
A I-Systems é o resultado da fusão do grupo infraestrutura compartilhada IHS Holding com a unidade de rede fixa da TIM Brasil. A IHS Towers é dona de torres de celular de operadoras na África, América Latina e Oriente Médio e tornou-se controladora da rede de banda larga fixa no Brasil, com 50% do capital. A TIM ficou com 49% da empresa. A IHS pagou R$ 1,6 bilhão para a TIM. A rede alcança cerca de 6,4 milhões de residências, das quais 3,5 milhões são Fiber-to-the-Home (FTTH) e 3,4 milhões Fiber-to-the-Cabinet (FTTC)
V.Tal
A empresa de rede neutra foi anunciada ao mercado em outubro de 2021, a partir da rede da Oi, e foi adquirida pela Globonet e fundos geridos pelo banco BTG Pactual pelo valor de R$ 12,9 bilhões. No final daquele ano, o Cade (órgão antitruste) aprova a operação. A Anatel aprova a operação em maio do ano passado. Em junho, devido às dificuldades financeiras da Oi, o BTG passa a deter 65,27% da empresa, ao invés de 57,9% previstos no primeiro contratos. Com a nova Recuperação Judicial da Oi, uma nova redução de sua participação acionária. Conforme o balanço divulgado, a V.Tal fechou 2022 com uma rede de fibra de mais de 456 mil km, com aproximadamente 20 milhões de casas passadas (home passed) em 2,3 mil cidades brasileiras. Até o fim do ano passado, a empresa já tinha fechado mais de 70 contratos com operadoras de escala nacional ou regional de serviços de banda larga.