Data center: interconexão é primordial para o setor financeiro

Vinicius Minetto, diretor-executivo de Vendas da Ascenty, aborda algumas especificidades do setor financeiro em termos de infraestrutura de nuvem e que o mercado de data center precisa estar atento para suprir
apanho das necessidades crescentes e específicas do setor de financeiro por data centers
Especialista em data center, faz um apanhado das necessidades crescentes e específicas do setor de financeiro por data center | Foto: divulgação

 Por Vinicius Minetto*

De acordo com relatório do Global Data Insights, mais de 80% das empresas do setor financeiro reconhecem a necessidade de uma plataforma global de data center que ofereça capacidade, cobertura e conectividade. Outro dado que me chama a atenção na pesquisa é que mais de 70% das empresas de serviços financeiros consideram crucial adaptar a infraestrutura nos próximos dois anos. Neste cenário, há uma crescente demanda para as empresas de data centers e, para atender esta necessidade, alguns pontos são imprescindíveis, já que este setor tem suas peculiaridades.

Alguns fatores, como capacidade, energia e conectividade precisam ser compatíveis com as instituições de serviços financeiros. Racks de alta densidade e estrutura carrier neutral – que possibilita a interconexão entre diversas operadoras de telecomunicações ou entre provedores – são fatores que considero necessários para operar adequadamente no setor.

Além disso, as finservs também demandam um SLA praticamente perfeito, que beire ou que atinja 100%, com mínima latência possível, que pode ser obtido pela maior proximidade com as nuvens públicas e com uma rede de interconexão própria entre os data centers. É desta maneira, por exemplo, que empresas que estão na bolsa de valores operam, pois uma ordem de comando de compra ou venda, caso atrase um segundo que seja, pode gerar um prejuízo de milhões.

Existem outras questões, que vão além da interoperabilidade, que tangem este mercado. Uma que faço questão de ressaltar é que o data center utilizado pela instituição financeira precisa estar dentro do território nacional. Trata-se de uma regulamentação que exige também certificados para empresas de capital aberto, como PCI (DDS Compliance): operações do mercado financeiro e SOC 1, 2 e 3 – Segurança física e processos – Type II. Embora pareçam pormenores, sem auditorias e certificações, seria impossível manter o bom andamento das operações financeiras, ainda mais do Brasil, que é hoje um dos países mais avançados da América Latina, e talvez do mundo, em serviços financeiros. Uma pesquisa que li recentemente, inclusive, reforça essa informação e mostra que 71% dos bancos priorizam a inovação tecnológica como uma estratégia de eficiência operacional para os próximos anos.

Estes aspectos que trouxe anteriormente mostram também o amadurecimento de outros players que fazem parte desse avanço tecnológico. O cloud computing é parte essencial disso e posso dizer que revolucionou o mercado financeiro, trazendo acesso facilitado a servidores e armazenamento de dados que possibilitam simplificar processos e melhorar a eficiência. Não é à toa que 79% dos bancos pretendem aumentar os investimentos em eficiência e agilidade em uso de clouds.

E justamente nessa interconexão entre a nuvem e os dados disponíveis nos data centers que está uma das necessidades mais vitais deste mercado. Além de uma infraestrutura robusta, considero fundamental uma interconexão de excelência oferecida por plataformas de orquestração disponíveis no mercado, capazes de integrar as empresas com qualquer rede e instituição financeira global, o que viabiliza acesso às bolsas de valores de Nova Iorque ou Londres, apenas para dar um exemplo concreto. Também possibilita a integração de data centers com outros players deste mercado, como provedores de serviço – Bloomberg, B3, Tecban, entre outros.

É preciso, ainda, levar em conta a flexibilidade para as operações, algo muito importante para o setor financeiro – e também para áreas que dependem deste setor, como o comércio eletrônico. Momentos como a Black Friday, a Cyber Monday ou o Natal, exigem maior banda e baixa latência para que os clientes possam finalizar tranquilamente suas transações financeiras online. Ainda no sentido de flexibilização, existe a necessidade de garantir que estas mesmas instituições e seus respectivos provedores de nuvem possam ter resiliência e escalabilidade para poderem aumentar ou diminuir a banda, conforme a necessidade. Para, assim, poderem oferecer serviço de qualidade e de acordo com a demanda de mercado tão diferenciada que possuem.

Estes temas, em separado, são comuns a muitas áreas, mas todos unidos formam um conjunto de especificidades que o setor financeiro demanda e para o qual o mercado de data centers precisa estar atento para suprir. Finalizo com uma sugestão para que as empresas que provêm serviços financeiros tenham em mente todos estes pontos e que entendam as reais necessidades de provê-los para terem sucesso e prosperarem em seus mercados.

*Vinicius possui ampla experiência no mercado de Data Center e Telecomunicações, no qual atua há mais de 15 anos. Atuou em grandes players do mercado nacional e ingressou na Ascenty em 2012, reforçando a equipe comercial. Graduado e pós-graduado pela FATEC, tem MBA em Gestão Comercial pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na Ascenty é responsável pelo time Comercial, de Arquitetura de Soluções e Produtos.

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Colaborador

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