Custódia de criptoativos é novo filão para instituições financeiras

Estudo da Capco chama a atenção para a questão da regulação de custódia dos criptoativos, em especial em diferentes mercados.
Custódia de criptoativos é novo filão para instituições financeiras - Crédito: Freepik
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Tão importante quanto fazer escolhas certeiras de investimento é armazenar os ativos digitais de forma adequada. Por isso, o crescimento do mercado de criptoativos, que deve passar dos cerca de US$ 2 trilhões atuais para US$ 24 trilhões em 2027, segundo especialistas, vai criar um filão de negócios – o da custódia – para as instituições financeiras tradicionais. E a primeira oportunidade está nos clientes de varejo. Essa será, portanto, mais uma das mudanças que blockchain e esses ativos farão nos serviços financeiros nas próximas temporadas.

Esses e outros insights estão em um dos mais recentes relatórios da Capco, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros, do Grupo Wipro. De acordo com o “Capco Intelligence: Digital Assets Custody Considerations for Capital Markets Firms” (Capco Intelligence: Considerações sobre custódia de ativos digitais para empresas do mercado de capitais), “os ativos digitais estão crescendo em popularidade e há uma oportunidade para as instituições financeiras serem um balcão único para armazenar esses ativos. A principal oportunidade é que sirvam de custodiante para o cliente de varejo que não tem o conhecimento técnico para gerenciar suas próprias chaves”, explica Alexandre Bueno, gerente sênior da Capco e head do Capco Digital Lab São Paulo.

Além disso, segundo o especialista, o crescimento projetado da adoção global de ativos digitais e do consequente serviço de custódia cria uma janela única para as instituições financeiras oferecerem seus serviços a clientes em todo o mundo.

Os ativos digitais podem ser definidos, de forma ampla, como moedas digitais ou tokens que circulam em redes descentralizadas como de registro distribuído (DLT) e blockchain. Há somente cerca de cinco anos, existiam menos de 15 milhões de carteiras digitais. Hoje há registro de aproximadamente 60 milhões de carteiras digitais.

“Uma pesquisa recente mostra que 60% dos proprietários de criptomoedas usariam sua instituição financeira para investir em criptomoedas. Outros 32% disseram que poderiam fazê-lo. É uma oportunidade clara para os bancos de varejo desenvolverem custódia digital para os consumidores”, afirma o executivo da Capco.

“À medida que a aceitação dos ativos digitais cresce, instituições financeiras tradicionais começam a oferecer um conjunto maior de serviços que atendem a esta nova classe de ativos. Instituições financeiras como BNY Mellon e Fidelity oferecem serviços completos de custódia de criptoativos para gestores. Este é um sinal importante para o mercado de que a adoção de segurança generalizada está a caminho. Os ativos digitais não estarão mais associados à periferia da sociedade econômica”, completa Bueno.

Um dos destaques do levantamento é que instituições financeiras tradicionais estão bem posicionadas porque têm envergadura no mercado, histórico de relacionamentos com os clientes e protocolos de segurança para proteger, gerenciar e manter ativos digitais. O executivo vislumbra que as instituições podem alavancar seus relacionamentos com clientes existentes por meio de branding e tornarem-se um balcão único para armazenar os diferentes tanto ativos digitais, quanto tradicionais.

Além disso, podem fazer parcerias para oferecer a custódia. “Parcerias com terceiros permitem que instituições financeiras tradicionais ofereçam um amplo escopo de serviços de custódia de ativos digitais. Empresas de ativos digitais como, por exemplo, Coinbase, Anchorage e BitGo, estão oferecendo diferentes níveis de cobertura de seguro aos clientes usando suas plataformas”, relata o especialista. No entanto, o estudo mostra que as instituições precisam ficar atentas a questões como segurança, escalabilidade e interoperabilidade do ecossistema.

Regulação

A Capco ainda chama a atenção para a questão da regulação de custódia, em especial para as instituições financeiras que querem prestar esse serviço em diferentes mercados. “Com o crescimento do setor de criptoativos surgem oportunidades, riscos e desafios. Os depositários devem cumprir com o cenário regulatório em evolução global. Não só precisam entender as leis domésticas, mas também precisam seguir regulamentações internacionais para atender clientes de outros países. Estruturas Anti-lavagem de Dinheiro/Conheça Seu Cliente (AML/KYC) devem ser muito rigorosas. É imprescindível que os guardiões estejam cientes desses desafios e ofereçam soluções para beneficiar seus clientes”, explica Bueno.

As instituições devem também ficar atentas ao fato de que a custódia de ativos digitais tem diferenças importantes da custódia de ativos tradicionais. Uma delas é que envolve centenas, ou até mais, de criptoativos e cada uma delas em sua rede blockchain. Isso é bem mais complicado do que a armazenagem de um número limitado de ativos tradicionais, como acontece hoje. Uma outra questão é a cobrança pelo serviço, já que com ativos digitais as soluções possíveis são muito maiores do que com os tradicionais. Em geral, para esses, as instituições cobram uma taxa sobre os ativos custodiados.  Outro ponto importante é que com ativos digitais, as instituições financeiras tendem a estar expostas a centenas de corretoras, enquanto nos tradicionais, a exposição é bem menor.

(com assessoria)

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Redação DMI

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