Custo do espectro 5G deve levar em conta outros setores, diz presidente da Conexis
Para além da capacidade de consumo das famílias, os preços do leilão 5G devem levar em conta o comportamento dos diferente setores econômicos, defende hoje, 25, Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis no evento TeletimeTec. O edital do 5G, que inclui os preços do espectro, estão sob análise do Tribunal de Contas da União (TCU).
Ferrari falou que a velocidade de adesão tecnológica dos segmentos econômicos, bem como sua recuperação econômica após a crise derivada da pandemia, são importantes para a precificação dos espectros.
Isso porque, diferentemente das outras gerações, a 5G tem uma maior tendência a ser monetizado pelo atendimento B2B e B2B2C. “Eu tenho outros setores que vão influenciar a demanda que [a tecnologia] terá no futuro”, disse. No entanto, a economia vem decaindo ao longo dos anos. Da mesma forma, muitas empresas perderam robustez, e isso precisa ser levado em conta.
Ferrari cita que o mercado brasileiro possui uma cultura de adesão a novas tecnologias muito lenta. Isso somado a recessão econômica pode fazer com que a incorporação da 5G apresente “um grau de complexidade muito elevado”. “Porque vai depender do comportamento da indústria que vem ao longo de vários anos perdendo participação no PIB, de serviços que é o que mais sofreu com a crise e do agronegócio, que é sempre o setor propulsor de crescimento econômico, mas representa apenas 5% do PIB”, comentou o presidente.
Apesar do retrato pessimista, Ferrari completou afirmando que a 5G poderá ter papel importante na recuperação econômica do país.
Teto para o leilão 5G
Jacqueline Lopes, diretora de relações institucionais da América do Sul da Ericsson, também esteve no evento. A executiva defendeu que a existência um teto de gastos para o leilão 5G, dando maior previsibilidade para as empresas.
Lopes também disse que o preço deve ser “melhor avaliado” no Brasil, já que o custo acumulativo de espectro do país comparado ao próprio PIB é o maior do mundo, chegando a mais de 2%. Reclamou ainda que as empresas de telecomunicações têm sido bastante oneradas por impostos, ainda que forneçam um serviço essencial.