Correio é serviço público, não privado, defende associação dos funcionários
Um comunicado da Adcap (Associação dos Profissionais dos Correios) acirrou, nesta sexta, 16, a questão em torno da privatização (ou não) dos correios. O manifesto engrossa o movimento que diz que trata-se de serviço público, não privado, e reforça o caráter inconstitucional da proposta do governo.
“É importante registrar que o serviço postal é serviço público por natureza, a ponto de estar expressamente previsto como tal na Constituição. Não se trata, portanto, de exploração de atividade econômica”, diz o comunicado, assinado pela diretoria da Adcap.
O manifesto coloca “a sociedade” como principal afetado pela possível privatização. “Nos 20 maiores países do mundo em extensão territorial, não há um único correio privado, enfatizando a questão de que o atendimento postal em grandes territórios traz desafios que precisam ser enfrentados com ótica distinta da exploração comercial pura e simples. Lembremos que o Brasil é o 5º maior país do mundo”, escrevem os diretores da associação.
“O caso de Portugal, que privatizou seu correio há alguns anos [em 2014, por 343 milhões de euros] e que, desde então, tem a população reclamando sistematicamente de aumento de preços e de piora na qualidade do atendimento, deveria servir de alerta aos brasileiros, pois se isso acontece num país com as dimensões de Santa Catarina o que poderá acontecer nos rincões brasileiros?”, questionam.
Ideologia
De acordo com a entidade, não há motivos para transformar o serviço em operação privada, exceto “fazer isso por fazer”.
“Quando houve a privatização das teles, os principais argumentos utilizados estavam centrados em duas questões: a falta de acesso à telefonia e o alto preço do serviço. Na ocasião, faltavam mesmo telefones no mercado e as linhas eram bem caras, a ponto de serem contabilizadas como patrimônio nas declarações de imposto de renda. Pois bem, no caso do serviço postal o que temos no Brasil é exatamente o contrário: um serviço abrangente e acessível, com agências esparramadas pelo país todo, e uma das menores tarifas postais do mundo, apesar das dimensões continentais do país”, comparam.
“Tudo isso oferecido aos cidadãos e às empresas brasileiras sem depender de subvenções do Tesouro Nacional. A teimosia do governo federal em insistir, portanto, com o projeto de privatização dos Correios só se justifica por razões meramente ideológicas. Quer fazer porque quer fazer. E quem vai ser prejudicado se esse projeto for avante serão os brasileiros, que terão, depois, que ir às ruas, como fazem agora os portugueses, para pedir a reestatização de seu correio”, prevê a diretoria da Adcap.