Copom eleva juros em 1 ponto percentual, a 11,75%

O Copom projeta uma trajetória de juros que se eleva para 12,75% em 2022 e reduz-se para 8,75% ao ano em 2023.
Copom eleva juros em 1 ponto percentual, a 11,75% - Crédito: Flickr BC
Sede do Banco Central, em Brasília. Crédito: Flickr BC

Confirmando a sinalização do próprio Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que diminuiria a magnitude das últimas elevações, a taxa básica de juros, a Selic, foi elevada em 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano. É o maior nível em cinco anos. A decisão foi divulgada no início da noite desta quarta-feira, 16, após a segunda reunião do comitê neste ano.

Em nota, o Copom avalia que “o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, afirma.

O comitê observou o atual cenário econômico, considerando que o ambiente externo se deteriorou substancialmente. “O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial. Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas”, analisa.

Em relação à atividade econômica brasileira, o comitê apontou que a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021 mostrou um ritmo de atividade acima do esperado, no entanto, a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. “Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente”, segundo a nota divulgada pelo comitê.

Inflação e juros

As projeções de inflação do Copom situam-se em 7,1% para 2022 e 3,4% para 2023, acima de que previu o mercado financeiro para 2022, com inflação de 6,4%, segundo o Boletim Focus desta semana. “Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 12,75% em 2022 e reduz-se para 8,75% a.a. em 2023”, diz a nota.

Diante da volatilidade recente e do impacto sobre as projeções de inflação de sua hipótese usual para o preço do petróleo em dólares, o comitê decidiu adotar também, neste momento, um cenário alternativo.

Nesse segundo cenário, considerado de maior probabilidade, segundo o Copom, adota-se a premissa na qual o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$100/barril e passando a aumentar dois por cento ao ano a partir de janeiro de 2023. “Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023”, projeta o texto.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.

Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 11,75% a.a. “O comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2022 e, principalmente, o de 2023”, ressalta.

Para a próxima reunião, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza, no entanto, que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, conclui.

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Redação DMI

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