Consolidação do mercado de telecom deve vir antes do leilão da 5G, prevê CEO da TIM

Pietro Labriola, presidente da TIM Brasil, entende que a venda da Oi móvel e da Nextel devem se concretizar para que as regras do leilão de frequências estejam em dia com o quadro de consolidação. Ele defende que o leilão deva estabelecer metas agressivas de cobertura ao invés de cobrar alto pelo espectro e não vê perspectivas em operações locais.

O CEO da TIM Brasil, Pietro Labriola, afirmou hoje, 5, que a empresa tem interesse em analisar a compra da operadora móvel da Oi, visto que a confirmação de sua venda se deu na semana passada, com o anúncio da  contratação do analista financeiro pelo COO da concessionária, Rodrigo Abreu. Conforme Labriola, o principal interesse da TIM nesse ativo são as frequências que a Oi dispõe, cuja aquisição pode permitir barateamento da construção da infraestrutura.

“Quanto mais frequência se tem, mais se gera valor para a indústria móvel. Com menos frequência, é preciso instalar mais antenas, mais gastos com aluguel, energia, manutenção. Diferentemente do que acontece em outras situação de fusão e aquisição (M&A), no nosso caso, as frequências da Oi são o ativo mais importante”, afirmou o executivo.

Ao mesmo tempo em que vê  como tendência o adiamento do leilão da 5G para o segundo semestre do próximo ano, Labriola avalia que houve uma aceleração no movimento da Oi com esse anúncio. “Há cinco meses, a venda das operações móveis da Oi não estava na mesa, eram só assets não estratégicos. Agora, com a confirmação da contratação do adviser financeiro, é muito mais provável que a venda ocorra antes do leilão”, avalia.

E, para o executivo, a definição de regras para a compra de frequências da 5G a serem colocadas à venda pela Anatel com um mercado já consolidado trará mais transparência, visto que alguns limitadores existentes atualmente perderão a razão de existir.

Labriola citou como exemplo a regra atual que estabelece que somente operadoras que não possuem a frequência de 700 MHz poderão comprar esse espectro no futuro leilão. “Nesse caso, só poderiam comprar esse espectro a Nextel ou a Oi. E, se depois essas empresas são compradas, fica claro que essa regra está errada”, afirmou.

Para o Brasil

Embora ressalte que não cabe a ele sugerir como deverá ser o leilão de frequências, Labriola entende que a modelagem de venda deve levar em conta os interesses do Brasil, e não o das operadoras. ” Deve ser um elemento de desenvolvimento da política econômica de todos os país”, afirmou. E  entende que uma das exigências deveria ser preço mais baixo pelas frequências em troca de construção acelerada das redes  5G.

O executivo assinalou ainda que a nova tecnologia traz para as operadoras de celular um novo modelo de negócios, já que o mercado passará a ser BtoBtoC. Ou seja, a operadora de telecomunicações irá depender de um hospital, ou de uma instituição de ensino para chegar ao cliente final.

Sem reservas de espectro

O presidente da operadora italiana defende também que as empresas que comprarem as frequências devem usá-las, e não fazer reserva de valor com esse bem finito. Para ele, o modelo de exploração de operação móvel sem escala nacional tem-se mostrado equivocado em todo o mundo.

” Olhe a história. Aqui no Brasil, a Nextel, operadora que atuou em dois estados que detêm 43% do PIB brasileiro  não conseguiu desenvolver um modelo de negócios sustentável”, exemplificou.

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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