Condição para colocar dinheiro na Oi é regra de mercado, afirmam apoiadores do novo PSA

Na lista de condicionantes já apresentados estava, inclusive, a aprovação do PLC 79, que não existe mais.
(Crédito: Shutterstock Isak55)
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O novo PSA (Plan Support Agreement) aprovado pelo conselho de administração da Oi nesta semana, que substitui o plano rechaçado pelo juiz Fernando Viana e pela Anatel e que será formalizado na próxima segunda, dia 27 de novembro, não traz qualquer condição para a injeção de capital na empresa que não seja regra de mercado, afirmou hoje, 23, ao Tele.Síntese fonte que apoia a proposta apresentada. “Vale lembrar que esse novo plano foi negociado pela La Place, que reportou o acordo à diretoria, e aprovado pelo conselho. E os negociadores conseguiram diminuir muito os condicionantes que existiam para o aporte de recursos”, afirmou o executivo.

Segundo este interlocutor, qualquer outro grupo que for colocar mais dinheiro na operadora brasileira irá estabelecer condições para isso. ” Todos – seja o egípcio, seja a Moellis, chinês ou mesmo esses credores interessados em se manter no negócio – apresentaram uma série de condicionantes financeiros e conjunturais”, assegurou.

Citou a necessidade de aprovação do PLC 79 (que termina com a concessão de telefonia fixa) como um dos condicionantes; ou ainda, a obrigatoriedade de se realizar uma due dilligence na companhia antes de qualquer aporte de dinheiro. Atualmente, restaram muitos poucos condicionantes, que são bem razoáveis de serem aceitos”, entende.

Como exemplo, cita que, de uma lista de compromissos financeiros que existiam, só restou uma exigência nesse novo plano: o de que a Oi deverá apresentar  um Ebitda de R$ 5,750 bilhões. ” Ebitda que terá que ser alcançado 12 meses antes do aporte e gerenciado pela própria empresa”, assinalou.

Em relação à exigência de aprovação prévia do plano pelo judiciário estrangeiro dos EUA e Inglaterra e por segunda instância da justiça brasileira, o executivo admite que essa cláusula não é comum, mas entende que não é relevante, visto que os dois países estão reconhecendo a primazia do processo da recuperação judicial no Brasil. No caso da segunda instância judicial, ele assinala que é a única garantia que o investidor terá.

FEE

O executivo admite também que a taxa de comissão de 20% é mais alta do que as praticadas no mercado, mas, argumenta, esse valor se deve tanto ao risco da empresa,em recuperação judicial, como às próprias condições negociais. Entre as condições, está o fato de que quem assinar o PSA se compromete a não litigar contra a Oi. Além disso, assinala, se diminuir a comissão, só existiriam duas outras saídas: ou aumentar a dívida que iria sobrar, ou aumentar os juros, alternativas que no entender desse interlocutor acabariam drenando mais o caixa da Oi. E explica:

“Para o investidor profissional é indiferente se é fee, desconto, dívida ou juros. Para  votar a favor do plano, irá receber US$ 0,44 para cada dólar de valor nominal, na soma de toda a dívida. Vamos supor que 30% dos credores se dispõem a participar do aumento de capital. Se reduzir o fee, e aumentar a dívida, a Oi terá que aumentar a dívida para todos – quem entrar com dinheiro e quem não entrar-, o que significa que terá que quase triplicar sua dívida”.

Quanto ao fato de que a comissão será cobrada mesmo que o aporte de recursos não ocorra, o interlocutor entende que essa também é uma praxe de mercado. ” Se uma empresa pega uma carta de crédito de um banco, mesmo se não usar os recursos, tem que pagar a comissão, pois o banco deixou o dinheiro reservado para ela”.

Bom negócio

Para o executivo, que espera que a Anatel avalie com atenção a nova proposta e libere-a para que possa ser assinada pelos credores, esse plano é racionalmente favorável para quem aderir a ele. “Os títulos da Oi estão oscilando entre R$ 0,30 a R$ 0,35. Se houver a falência, vão valer zero ou dois centavos. Quem votar a favor, tem direito a 30% sobre o valor de hoje e sobre o valor que comprou o papel.  É racional que vote a favor. Além disso, o plano é bom para os empregados, para os pequenos, para os grandes, para os bancos.  Ninguém ofereceu nada diferente, a não ser querer tirar todo o patrimônio dos acionistas”, concluiu.

A proposta prevê aumentar a injeção de recursos, via aumento de capital- de R$ 3,0 bilhões, da oferta anterior,  para R$ 5,5 bilhões- além da emissão de outros R$ 3 bi em debêntures, e outros R$ 3 bi dos acionistas, o que perfaz um total de R$11 bilhões no final.

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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