Como financeira, RecargaPay visa ampliar produtos
Lançado há 15 anos como um aplicativo para recarga de celular pré-pago, o RecargaPay foi, aos poucos, incorporando outros produtos, como a recarga de cartão de transporte.
No final de 2021, obteve do Banco Central (BC) autorização para ser uma Sociedade de Crédito Direto (SCD) e, no início do ano seguinte, com a licença de instituição de pagamento, a fintech incluiu a opção de pagamento de contas pelo app. Agora, com a recém-conquistada licença como Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI), o RecargaPay pretende alavancar mais recursos para ampliar a oferta de serviços e lançar novos produtos.
“Ao longo da sua história, o RecargaPay foi ganhando mais solidez. A empresa sempre teve como plano um crescimento sustentável, a meta nunca foi fazer nada de forma rápida”, diz Felipe Montenegro, vice-presidente de Finanças do RecargaPay.
De acordo com o executivo, o objetivo de passar de SCD para SCFI está na possibilidade de alavancar as finanças para investimento interno. Uma instituição com a licença SCD pode oferecer crédito aos clientes ou financiar as operações, desde que utilize recursos próprios. Já como SCFI, torna-se possível captar recursos por meio de instrumentos financeiros regulados como, por exemplo, CDBs e letras financeiras.
“A expectativa é que a gente consiga manter o crescimento, agregando produtos que atraiam novos clientes”, diz Montenegro.
Atualmente, a fintech tem uma base de 9 milhões de clientes e, no ano passado, registrou um crescimento de 55% na receita, que fechou em US$ 200 milhões.
Um dos focos de expansão da fintech será o cartão de crédito lançado em julho. “Vamos conseguir dar mais fôlego para o cartão. Já temos um limite garantido, mas agora podemos entender para quais clientes faz sentido ampliar esse limite”, diz o executivo.
Na ampliação dos clientes, uma das metas é atrair mais contas de pessoas jurídicas. De acordo com a empresa, em 2023, o número de clientes com CNPJ triplicou. Inicialmente voltado apenas para Microempreendedores Individuais (MEIs) e Empresário Individual (EI), o portfólio de soluções financeiras da empresa para o público PJ agora atende também os modelos de negócios em Sociedade LTDA, Sociedade Limitada Unipessoal (SLU), Sociedade Simples e Sociedade Anônima (SA).
Governança em dia
Segundo Montenegro, o processo para obtenção da nova licença é bastante rigoroso, mas não demandou investimentos extras por parte do RecargaPay. Além disso, o executivo explica que, o fato de a fintech ter participado de várias rodadas de investimento — desde o ínicio do negócio já captou mais de US$ 120 milhões –, já tornou sua estrutura organizada, como exige o mercado financeiro.
“Com essa licença, entram novos processos, mas a gente já tem um trabalho de controle, transparência e governança muito sólido”, explica.
Com o novo perfil do RecargaPay como financeira, Montenegro afirma que o desafio de agora em diante é operacional. “O desafio é continuar navegando no varejo, mesmo com a taxa de juros alta no país, o que acaba dificultando. Mas queremos utilizar esses novos produtos para servir o cliente de forma assertiva”, afirma.
Open Finance
E para saber qual produto oferecer e a quem, a fintech lança mão de pesquisas pelo app e também de dados de utilização dos clientes, além daqueles gerados pelo Open Finance.
Os usuários do RecargaPay podem dar consentimento para compartilhar com a fintech dados de outras instituições financeiras das quais são clientes. Entusiasta das possibilidades do Open Finance, Montenegro afirma: “Não adianta criar produto que não serve para o cliente. Precisamos entender a história do cliente para conseguir oferecer algo que resolva a vida real”, finaliza.