Canais FAST ganham força como novo modelo de consumo de TV

Especialistas destacam como os canais FAST estão moldando o futuro da televisão aberta, baseada no modelo de financiamento por meio de espaço publicitário
Canais FAST: nova era das parcerias entre streaming e telecom
Canais FAST estão transformando a forma como se consome entretenimento na TV | Foto: Freepik

Eles são gratuitos, mas podem trazer conteúdos antes exclusivos da TV paga. São bancados por publicidade, mas esta é comercializada de forma mais parecida com a compra de espaço online, na internet, do que no rádio ou na TV. E contam com o empurrão dos fabricantes de televisores, que embarcam aplicativos nos aparelhos como um diferencial competitivo. Assim são os canais FAST, sigla para Free Ad-Supported Streaming Television, ou TV por streaming bancada por anúncios, em tradução livre.

O formato vem ganhando adeptos no setor audiovisual e entre usuários. Quem aposta no serviço, só tem expectativas positivas, e para um horizonte de tempo curto. “Acredito que, em menos de 5 anos, o FAST será o principal meio pelo qual as pessoas consumirão TV“, diz Luiz Messici, CEO da BM&C News, um canal do tipo embarcado nas plataformas de streaming gratuitas presentes nas smart TVs brasileiras.

Sua visão é endossada por Antônio Gallo, diretor de marketing e novos negócios da Olé TV, que é até mais otimista. “Acredito que no Brasil a gente vai ter uma aceleração do FAST já nos próximos dois anos”, afirma.

A integração de canais diretamente nas smart TVs, sem necessidade de instalações de apps novos uma vez que cada fabricante já embarca o seu no aparelhos, é uma das principais vantagens desse modelo. Segundo Messici, da BM&C News, isso é que levará o modelo a se tornar predominante.

Os apps mais populares são PlutoTV, que funciona via navegador web, ou Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channel presentes nas smart TVs.

Raul Faller, CEO da Youcast, concorda que as expectativas para o segmento são positivas. O mercado de canais FAST ainda está em formação, diz, mas tende a crescer com a possibilidade de, no futuro, ser tão fácil criar um canal do tipo quanto publicar algo nas redes sociais.

“O desenvolvimento de CDNs próprios, como a norte-americana Edgio, oferece uma gama de funcionalidades que permitem a criação e distribuição de canais”, comenta. Entre essas ferramentas, estão a edição de conteúdo, inserção de propagandas e transcodificação, tudo integrado por uma CDN (Content Delivery Network) próprio da Youcast, que distribui os conteúdos para várias plataformas, como Roku, LG e Samsung.

Como se paga?

Um dos principais atrativos dos canais FAST, avalia Messici, é a possibilidade de veicular publicidade segmentada, trazendo para a TV uma característica comum que fez as gigantes de internet prosperar com a captação de anúncios publicitários.

O modelo de receita funciona com comerciais de 30 segundos exibidos durante os intervalos, algo que já está consolidado como padrão na TV aberta. “Nas plataformas FAST, temos dados como localização, perfil de consumo e até o tamanho da tela da TV, o que torna o valor dessa publicidade muito mais elevado em comparação com os modelos comuns da internet”, observa Messici.

Antônio Gallo, diretor de marketing e novos negócios da Olé TV, concorda que trazer para a TV características da publicidade digital online é um trunfo. Lembrou que funciona tanto nos apps, quando nos modelos em que o canal FAST é acessado nos navegadores de internet.

“Os banners em L e os banners de rodapé durante as transmissões ao vivo já são tradicionais”, lembra. E vê espaço para inovações publicitárias conforme o mercado amadurece, e os preços seguem competitivos. A tendência, avalia, é que os anunciantes continuem investindo nesse formato, que tem custos mais baixos do que a propaganda na TV tradicional.

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Gabriel Gameiro

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