Campos Neto nega que os bancos perdem dinheiro com o Pix
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, agradeceu nesta quinta-feira, 11, no encerramento do Febraban Tech, o sistema bancário pelo sucesso da implantação e utilização do Pix e negou que os bancos percam dinheiro com o sistema instantâneo de pagamento. “Não é verdade que os bancos perdem dinheiro com o Pix”, pontuou.
Nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro criticou os bancos dizendo que as instituições financeiras perdiam dinheiro com o Pix e, por isso, assinaram o manifesto pela democracia.
De acordo com Campos Neto, o BC divulgará, em breve, um estudo sobre isso. “Nunca é sobre quem está perdendo e ganhando. O objetivo não é tirar dinheiro, o objetivo é que os bancos sejam um pedaço menor de uma torta muito maior”, afirmou o presidente do Banco Central.
Regulação do mercado cripto
Campos Neto disse também que a intenção da autoridade monetária não é ter uma regulação rígida para o mercado de criptoativos. “A intenção do Banco Central não é agir com mão pesada, a nossa função é para que exista transparência, onde o investidor saiba os riscos e as oportunidades desse mercado”, ressaltou.
Em apresentação didática, Campos Neto resumiu as ações do banco nos últimos anos com vistas a uma economia tokenizada que, na opinião do executivo, é o futuro e que “estamos apenas no começo”.
“O objetivo é conectar tudo em algum formato de carteira digital, pagamentos, Open Finance, monetização de dados, trilha comum com dinheiro programável, protocolos abertos. Então, vamos para um novo sistema interoperável, tudo numa trilha única”, enumerou Campos Neto.
Real Digital
Ao comentar a CBDC (Central Bank Digital Currency), Campos Neto citou os três tipos de aplicações práticas que os bancos centrais de vários países estão buscando com as moedas digitais. Na Europa, Singapura e Suíça, por exemplo, a função estabelecida é para os pagamentos no atacado do comércio internacional. Já Bahamas, China e Suécia buscaram os pagamentos instantâneos e o Brasil, Canadá e Coreia do Sul focam no fomento de novos modelos de negócios.
Segundo o presidente do BC, a CDBC brasileira será diferente e os mercados DeFi (conjunto de serviços e produtos financeiros, como empréstimos, transferências e sistemas de pagamentos, que rodam em uma blockchain, espécie de banco de dados descentralizado e imutável) são a fonte de inspiração para o que vem sendo desenvolvido pela autarquia.
“O Brasil segue um caminho diferente da maioria dos países, queremos que a nossa CBDC funcione como um depósito tokenizado, que herda as características dos depósitos, com regulação equivalente. Os bancos serão estimulados a tokenizar os depósitos e isso é muito positivo, já que teremos uma otimização da relação entre ativo e passivo, com melhores processos de atomização de liquidações múltiplas de contratos”, previu.
Quando ao Open Finance, que tem implementação gradual iniciada ainda em 2021, o presidente do Banco Central evidenciou que o mundo tem uma deficiência na monetização de dados e esse é um dos desafios a serem enfrentados. “Ainda temos muito para caminhar”, concluiu.