Cadeia de valor da internet dobrou de tamanho entre 2015 e 2020 e atingiu US$ 6,7 trilhões

Maiores geradores do tráfego mundial são as big techs dos EUA, com Google à frente da lista, seguida por Facebook e Netflix. Dentro da cadeia de valor da internet, as empresas digitais cresceram mais em receitas do que as de infraestrutura, um desincentivo ao investimento em redes, diz a GSMA.
Relatório aponta que setor de internet cresceu o dobro
Crédito: Freepik

Um estudo da GSMA revela que as receitas em toda a cadeia de valor da internet quase dobraram em cinco anos, de US$ 3,3 trilhões em 2015 para US$ 6,7 trilhões em 2020. Grande parte desse crescimento vem de serviços online. Porém, o relatório aponta que o setor de infraestrutura, por onde os dados trafegam, foi mais penalizado com tributação e regulamentos. E alerta que isso reduz os incentivos ao investimento em infraestrutura.

Para que o setor de internet continue crescendo, diz o relatório, é necessário que os formuladores de políticas públicas considerem todo o cenário de tributação e regulamentação, garantindo que as empresas que investem em infraestrutura sejam incentivadas, defende o material da GSMA – entidade global que representa operadoras de telefonia móvel.

O tráfego da rede cresceu 34,4% ao ano desde 2015. Em 2020, chegou a 181.131 petabytes. A maior parte, 78%, vem das categorias de vídeo e streaming de música. O consumo de vídeo se tornou comum, impulsionado pelo crescimento do número de assinantes e dispositivos de maior qualidade (smartphones, tablets e smart TVs) com redes de alta velocidade que permitem que esses usuários consumam maiores quantidades de conteúdo em taxas de fluxo de bits mais altas.

Games são 5%, enquanto comunicações são 11% – menos do que eram em 2015, quando significavam 15% do tráfego.

O relatório mostra ainda concentração do tráfego mundial, com Alphabet (Google) representando 21% do que circula na internet. A Meta (Facebook, Instagram e Whatsapp) é responsável por 15%. Netflix, por 9%. Apple e Amazon, 4%. E Microsoft, 3%. Ou seja, as big techs norte-americanas são responsáveis por 57% do tráfego mundial de internet.

Infraestrutura em xeque

O crescimento do tráfego aponta para a importância que tem o setor de infraestrutura para o funcionamento da internet e manutenção de sua cadeia de valor. Enquanto alguns setores crescem, outros não.

Segundo o relatório, embora o setor de internet esteja em forte expansão, o de telecomunicações cresceu em receitas 10% ao ano – considerando aplicações e serviços digitais. As operadoras de telefonia tiveram queda, por sua vez, de receitas na ordem de 1% entre 2015 e 2020.

A título de comparação, empresas de nuvem cresceram 31% ao ano desde 2015. Os serviços de busca, como Google, Bing, Baidu (China) e Yandex (Rússia), 14% ao ano desde então. O mercado de games, 16% ao ano.

Com relação as principais provedoras de internet, o relatório aponta que essas empresas se saíram bem, agregando internet aos seus serviços de SMS e de voz, no entanto, à medida em que novos serviços de internet foram os substituindo, o crescimento que eles proporcionaram foi mais do que compensado pelo declínio nos fluxos de receitas anteriores.

Neste momento, duas tendências estão colocando os provedores de acesso à internet em dificuldade: o declínio das receitas no segmento empresarial e as operadoras que desejam melhorar seu ROCE (retorno sobre o investimento) e reduzir custos.

Essa perda de receita está sendo agravada pelas empresas de nuvem que investem em capacidade para conectar data centers, o que tradicionalmente foi um serviço das empresas de telecomunicações.

Uma resposta ao declínio das receitas seria a consolidação em indústrias de capital intensivo para melhorar as eficiências de escala e base de ativos. As operadoras de telecomunicações fizeram isso. No celular isso se deu através de várias formas de compartilhamento de rede, seja de ativos passivos ou ativos como forma de reduzir os custos de operação as redes de acesso.

Muitas operadoras também venderam parte de suas propriedades de torre e usaram de terceiros para alcançar as eficiências de escalas e alguns mercados procuram propriedade de acesso de rádio para juntas potencializarem os custos de investimento.

Além disso, as operadoras estão recorrendo a fundos de investimento em infraestrutura para atender suas necessidades. A consequência clara de tal resultado é que com a as receitas mais baixas, o potencial para se investir em infraestrutura pode diminuir ao longo do tempo.

No geral, a cadeia de valor da internet continua crescendo a uma taxa constante de 15% ao ano e não mostra nenhum sinal de desaceleração. Não faltam inovação e expansão em novas áreas tecnológicas que permitirão impulsionar a mudança de atividades que costumavam ser offline para online.

O relatório completo, em inglês, está aqui.

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Da Redação

A Momento Editorial nasceu em 2005. É fruto de mais de 20 anos de experiência jornalística nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e telecomunicações. Foi criada com a missão de produzir e disseminar informação sobre o papel das TICs na sociedade.

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