Burocracia trava recursos para provedores, inclusive de áreas afetadas no RS

Provedores reclamam da burocracia. Representante do BNDES aponta que as empresas precisam ter governança para acessar o sistema de crédito.

A burocracia de bancos públicos e privados e de prefeituras tem travado o acesso de provedores regionais a recursos favorecidos, inclusive os lançados pelo governo federal para socorrer as áreas inundadas em razão das chuvas no Rio Grande do Sul (RS).

Reclamações nessa linha foram feitas nesta sexta-feira, 10, por empresários do setor no último dia do evento promovido desde quarta-feira em Brasília para comemorar os 25 anos da Associação NEO, que reúne alguns dos principais provedores regionais de internet do país.

As queixas do empresariado surgiram durante painel sobre investimentos para pequenos provedores. Isso ocorreu após o representante do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ter afirmado que, nos próximos dias, vai operacionalizar o socorro às áreas inundadas.

Jony Cruz, no Evento Neo 25 Anos (Divulgação)
Jony Cruz, no Evento Neo 25 Anos (Divulgação)

Uma das críticas partiu do vice-presidente da Abramulti (Associação Brasileira dos Operadores de Telecomunicações e Provedores de Internet) e co-fundador da Sempre Telecom, Jony Cruz. Ele vê com pessimismo a liberação dos recursos não reembolsáveis no momento em que o Rio Grande do Sul mais precisa.

“E aí eu falo isso porque é importante que o próprio BNDES saiba que não é algo feito para todo mundo ter o acesso. E aí por exemplo, quando a gente vê agora mesmo esse exemplo do que estamos fazendo no Rio Grande do Sul, todas as associações reunidas em prol de ajudar, é e que, se não for uma ajuda para ontem, para que exista a reconstrução, novamente, não há recurso nenhum de chegue em volume para poder ser gasto”.

Para Cruz, “infelizmente os meios de acesso ao crédito do BNDES sempre foram muito burocráticos e até quando a gente tinha o cartão do BNDES era burocrático para acessá-lo via agente financeiro”, afirmou

“E se há agente financeiro no meio do caminho, ele vai exigir algumas coisas, como amarrações de algum produto de seu banco para que a gente possa ter acesso, uma vez que são meio que garantidores desse empréstimo”, detalhou.

O objetivo do BNDES é levar recursos do Fust, fundo público setorial de telecomunicações, para “apoiar projetos de reparos e reconstrução de redes nas regiões que foram afetadas”, falou o chefe do Departamento das Indústrias de Tecnologia da Informação, Telecomunicações e Economia Criativa do BNDES, Carlos Eduardo Azen.

A burocracia, no entanto, não é o único empecilho para provedores do RS ou de outros estados, acessarem os financiamentos. Sobre as reclamações, Azen respondeu: “As empresas precisam ter governança para ter acesso ao sistema de crédito”. E apontou que as liberações vão acontecer.

Crédito simplificado na ponta

O executivo do BNDES citou que, no caso do RS, a instituição dispõe ainda de um instrumento chamado de Finame Fust, crédito simplificado voltado para os pequenos provedores com faturamento anual abaixo de R$ 300 milhões. Está disponível para as empresas do estado, assinalou.

“[O Finame Fust] pode ser usado para compra de equipamentos, telecomunicações, fibra e vai ter um percentual para capital de giro associado a esse crédito”, detalhou.

Segundo Azen, há uma rede ampla de agentes associados ao BNDES. “Em 17 de maio, haverá um evento em que a gente vai trabalhar mais essa agenda. Essa informação tem que chegar à ponta. A gente precisa do engajamento dos bancos que repassam esses recursos. O Finame pode inclusive atender essas regiões afetadas pelas chuvas”, apontou.

Acrescentou que esse esforço envolve também a liberação de recursos não reembolsáveis do Fust, conforme decisão recente anunciada pelo governo federal no pacote de socorro às vítimas da tragédia climática ocorrida no Rio Grande do Sul.

“Com o Fust não reembolsável, você destrava aqueles investimentos que dificilmente seriam feitos na lógica de negócios das empresas”, realçou, convocando ainda os empresários a partir do edital aberto até junho com recursos não-reembolsáveis, na ordem de R$ 63 milhões, para conectar cerca de 1.400 escolas públicas, beneficiando 570 mil alunos. (Por Abnor Gondim)

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