Brisanet revisa metas de 5G por atraso com canais de vendas

Operadora vai reduzir ritmo de ativação de torres e antenas até o fim do ano em razão de dificuldades com plataforma comercial; receitas com telefonia móvel não devem acelerar neste ano
Brisanet revisa para baixa metas de 5G por atraso com plataforma de vendas
Atraso com canais de vendas faz Brisanet revisar metas de 5G (crédito: Divulgação/Brisanet)

Em conferência com analistas nesta quinta-feira, 15, a diretoria da Brisanet explicou que a desaceleração no processo de ativação do 5G no Nordeste, anunciada no dia anterior via fato relevante, se deve ao atraso na implantação dos seus canais de venda. A expectativa da empresa é de que o sistema esteja em pleno funcionamento até o fim do ano.

Na quarta-feira, 14, a Brisanet divulgou uma queda de 60,6% no lucro líquido no segundo trimestre, em função das despesas para ativação da rede celular.

Além dos dados financeiros, a operadora informou uma redução na sua meta de área de cobertura prevista para 2024. Desse modo, até o fim deste ano, o 5G da Brisanet deve estar ativo em 230 cidades, e não mais 300 – atualmente, funciona em 133 municípios. A rede deve chegar a um território habitado por mais de 10 milhões de pessoas, abaixo da previsão anterior de 14 milhões.

O CEO, José Roberto Nogueira, disse que a empresa enfrenta dificuldades para implantar a plataforma de vendas do serviço móvel. Por isso, decidiu diminuir as ativações de torres e antenas no decorrer do ano. O executivo destacou que a Brisanet está madura em core de rede e infraestrutura, mas a plataforma comercial ainda precisa de ajustes.

“Se os canais de venda não entram, a receita não entra e tem impactos no EBITDA [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização]. Mas a expectativa é de que os canais e mais produtos sejam todos bem alinhados até o final do ano”, afirmou Nogueira.

Nesse sentido, o executivo descartou uma aceleração de receitas por meio do serviço móvel ainda em 2024, como anteriormente previsto para ocorrer no segundo semestre.

Acontece que a empresa tem praticado a oferta de R$ 4,90 por mês para novos clientes. Após três meses, o preço sobe para R$ 29,90. No momento, as vendas ainda são realizadas de forma presencial, na modalidade porta a porta. As ofertas no varejo físico e de planos corporativos estão em estágio inicial. Já as vendas digitais seguem atrasadas.

Além disso, Nogueira destacou que todos os produtos e canais operam em fase de testes por cerca de dois ou três meses, como o recém-anunciado 5G FWA disponível em 76 cidades nordestinas, antes de escalar a operação comercial.

“A Brisanet não está freando o 5G, só deslocamos um pouco em dois ou três meses. Fizemos uma avaliação mais correta, já que os canais não estão prontos”, disse o CEO. “As vendas no segundo semestre não vão impactar tanto o resultado financeiro, não vão trazer um resultado expressivo de receita. Por isso, o EBITDA está projetado para ser similar ao do primeiro semestre”, acrescentou.

Modelo de negócios

De todo modo, apesar da revisão para baixo da meta de cobertura, o CEO da Brisanet demonstrou confiança no modelo de negócios adotado até aqui. A empresa encerrou o segundo trimestre com 128,4 mil clientes de telefonia móvel. Em julho, ainda com as vendas concentradas na modalidade porta a porta, a base foi incrementada por aproximadamente mais 30 mil usuários.

“No Nordeste, 60% dos celulares são pré-pagos. Estamos trabalhando para converter o pré-pago no nosso pós-pago. O modelo já está certo, não temos dúvida”, assegurou.

Sinergia com banda larga fixa

De acordo com Nogueira, a implantação do 5G está ajudando a puxar as adições líquidas de assinantes de banda larga fixa. A Brisanet ganhou 36,6 mil clientes de fibra no segundo trimestre e quase 69 mil na primeira metade do ano. Em julho, as adições de casas conectadas giram em torno de 11 mil.

O executivo garantiu que a Brisanet não vai entrar em guerra de preços, sobretudo nas regiões interioranas, e busca manter um tíquete médio de R$ 90. Na Grande Fortaleza, onde tem divulgado o 5G desde o início do ano, a empresa ganhou 18 mil clientes de banda larga no primeiro semestre, superando as grandes operadoras.

“Esse movimento de Fortaleza se refletiu nessa base de clientes [de fibra] mais expressiva. Isso já é um reflexo da sinergia do 5G com a banda larga fixa”, avaliou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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