Brasil tem posição privilegiada na nova ordem mundial, avalia BTG

Relatório do BTG Pactual aponta que o Brasil perdeu o boom populacional, mas tem ainda oportunidades a aproveitar com a modernização agrícola e produção de hidrogênio. Acrescenta que as empresas locais são comercializadas a preço baixo na bolsa.

Ilustração de executivo pendurado em setas de gráficos que apontam para cima. Ele segura uma luneta e com ela olha o horizonte.

O Brasil passa por um momento ideal, em que uma série de fatores positivos, conjunturais, podem nos impulsionar, e está em posição benéfica diante da nova ordem mundial, avaliam analistas do banco BTG Pactual.

O banco divulgou hoje, 28, um relatório em que detalha as oportunidades setoriais mais relevantes para o país, e que a seu ver, podem ser aproveitadas. O material traz sete sinalizações de que o potencial do Brasil está perto de se realizar:

1 – Democracia grande e consolidada

Para os analistas, o país oferece “uma democracia consolidada, geopoliticamente distante dos principais conflitos globais e capaz de manter a neutralidade em um mundo cada vez mais polarizado”.

2 – Agenda sustentável

O Brasil tem vantagem em ter matriz energética limpa, com cerca de 80% da luz gerada por usinas hidrelétricas, eólicas ou solares, diz o BTG. “O país está em uma posição única para continuar impulsionando o desenvolvimento e a adoção de energias renováveis, incluindo eólica e solar (já 30% da energia do Brasil), assim como os biocombustíveis (que já representam 21% dos combustíveis para transportes), todos produzidos a custos supercompetitivos”, aponta análise.

Além disso, o país pode ser líder na produção de hidrogênio, considerado o “combustível do futuro” e alternativa para a descarbonização da energia. Em 2040, com base em dados da McKinsey, o Brasil poderá ser exportador de US$ 15 a 20 bilhões em hidrogênio ao ano.

3 – Demanda de alimentos

O país é o maior exportador líquido de alimentos do mundo e, por isso, um importante interveniente alimentar. Em 2022, as exportações de alimentos chegaram a US$ 123 bilhões e “à medida que cresce a demanda pela produção global de alimentos, o Brasil está bem posicionado para atender a essas necessidades”, registram os analistas.

4 – Aumento da produtividade agrícola

Desde 2000, a produtividade agrícola no país cresceu 58%, conforme dados do Departamento de Agricultura dos EUA. Para o BTG, é uma das taxas mais elevadas em todo o mundo. Os analistas observam que apenas 30% do território dedicado à agricultura, e disso, apenas 8% é dedicada a plantações. Há 21,2% de pastos naturais ou plantados.

“O Brasil tem condições de continuar a avançar na área plantada substituindo os pastos”, dizem. Além disso, afirma que, embora o gado brasileiro seja “competitivo”, ainda há muita modernização necessária para melhorar a produtividade do setor.

5 – Exportador de petróleo

O Brasil ocupa o sétimo lugar como maior produtor de petróleo e gás natural do mundo. Até 2030, a expectativa é que fique em quinto lugar.

6 – Potência em mineração

O Brasil é o segundo maior exportador de minérios de ferro e abriga vastas reservas de recursos minerais críticos para a transição energética. Os analistas avaliam que menos da metade do território brasileiro passou por mapeamento geológico e que existe um potencial a ser explorado.

7 – Mercado de ações

O BTG analisa que o mercado acionário do Brasil está barato e chama atenção ao ser comparado com outros países. As ações brasileiras operam atualmente a um múltiplo de oito vezes o preço sobre lucro (P/L) estimado para os próximos 12 meses.

É bem menos que o múltiplo de 21,4x P/L estimado para a Índia, por exemplo.  Quanto mais baixa a relação preço sobre lucro, mais barato está um ativo ou mercado.

Outro lado

Por outro lado, há uma linha que aponta motivos do Brasil não deixar de ser o país de um futuro que nunca chega. Apesar de estimativas positivas para uma mudança, segundo os analistas, causas importantes como o endividamento, déficit fiscal, baixíssima qualidade no ensino e envelhecimento da população são desafios a serem enfrentados.

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Da Redação

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