Brasil disputa com Índia e Austrália posição de hub mundial de data centers

O Brasil está bem posicionado para atrair data centers de inteligência artificial porque tem uma matriz energética bem consolidada e limpa mas precisa resolver o gargalo da transmissão e da questão tributária.

(crédito: Freepik)

O Brasil está bem posicionado para atrair data centers de inteligência artificial porque tem uma matriz energética bem consolidada e limpa, podendo se tornar um hub global de data centers de IA. Mas o país disputa essa colocação com outras duas nações na atração desses novos investimentos, que são a Índia e a Austrália. Para conquistar esse posicionamento precisa, no entanto,  resolver alguns gargalos.

Segundo Marcos Siqueira, COO da Ascenty, dois são os principais gargalos que podem tirar o Brasil dessa posição:  o país não tem linhas de transmissão de energia com capacidade disponível para suportar o aumento do consumo de energia e a questão tributária. ¨Para instalar um data center, será preciso importar uma CPU da Nvidia e o imposto de importação é uma grande barreira¨, afirmou.

Segundo Guilherme Zanetti, diretor da Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento do MM, nos últimos 24 meses avançou de forma acelerada o mercado de grandes consumidores de data centers no Brasil, e o planejamento energético brasileiro é feito a cada 10 anos, o que significa que não havia previsão para esse consumo acelerado. Mas ele informou que o ministério está concluindo estudos de expansão de grandes cargas e  capacidade de conexão de projetos de data center.

Já a Anatel, segundo o conselheiro Alexandre Freire, pretende agora fazer um estudo sobre os impactos da expansão dos data centers na sustentabilidade. ¨A nossa ideia é um projeto de país não restritivo, de forma a fomentar o desenvolvimento sem impactar o meio ambiente nem a infraestrutura de telecomunicações no Brasil¨, afirmou.

Que dados?

O professor da UnB, Márcio Iório, alertou para o risco de  os dados acabarem sendo tratados em silos estanques, país por país. ¨Pode-se correr o risco que passemos a viver com insumo de dados a mesma guerra comercial enfrentada pela produção agrícola e pecuária brasileiras, o que pode impactar também nos investimentos de data center. Processar e exportar dados pode se tornar proibitivo”, alertou.

Os painelistas participam do IV Simpósio Telcomp, realizado em Brasília.

 

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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