Botto: A transformação dos sistemas BSS/OSS
Por Renato Botto*
Hoje, a tecnologia de NFV está transformando drasticamente a forma como a infraestrutura de telecomunicações é implantada. Em consequência, o serviço de telecom que é prestado pelas Operadoras também irá mudar. Já é uma unanimidade, o paradigma das NFVs está criando novas demandas para os fornecedores e usuários de sistemas OSS.
Tradicionalmente, os sistemas OSS / BSS possuem na rede um ambiente com predomínio estático. No entanto, houve uma transformação tornando-o dinâmico, que se soma à complexidade trazida pelas NFVs. Assim, é preciso que estes sistemas se adaptem à arquitetura e as próprias características dos novos negócios. Note que há necessidade de suportar a implantação de serviços usando a tecnologia de rede definida por software, isto é, a chamada SDN.
Portanto, assim como em todo o mundo, as operadoras do Brasil e da America Latina precisam evoluir seus sistemas para estarem alinhadas com a evolução dessa infraestrutura.
Além disso, para controlar esse dinamismo das NFVs, novos mecanismos para monitorar o desempenho, gerenciar falhas, inventariar, entre outros pontos, são acompanhados de um sistema de “service assurance” (ou sistema de garantia de serviços) também adaptados. Esses mecanismos devem ser integrados a um OSS por dois motivos principais: para cumprir os acordos de nível de serviço (SLAs); e para atuar como uma ferramenta para identificar e gerenciar falhas de rede.
Repare que o tradicional paradigma do FCAPS (Falha, Configuração, Accounting, Performance e Segurança) permanece essencial, porém deverá ser remodelado, atendendo aos requisitos de futuras redes heterogêneas, compartilhadas e migradas para nuvem. Soma-se ao novo paradigma incluir automação, escalabilidade, otimização de capacidade e elasticidade de serviços.
Desafios do Âmbito de OSS
Dentro do paradigma de alocação dinâmica das NFVs, surgem questões ligadas ao conceito de arquitetura que deve ser implementada na evolução de software, como por exemplo:
- O ecossistema de OSS precisa manter e atualizar um ambiente baseado em software no contexto de um ambiente virtualizado;
- O OSS precisa conceber em seus modelos de forma que a infra de NFV faça conectividade entre diversos locais como, por exemplo, entre um data center e um sistema na nuvem;
- Os novos OSS devem acompanhar a metodologia de desenvolvimento contínuo e as tecnologias de integração de software, interagindo com a infra;
- A adaptação a um ambiente dinâmico requer um tipo de orquestração a ser implementada. Os padrões de NFV e SDN compreendem o framework de orquestração “MANO” (que inclui: Gestão da infraestrutura virtualizada; Gestão das instâncias virtuais; e a Orquestração destas instâncias);
- Os recursos de hardware deverão ser projetados para espelhar o ambiente virtual “multi-tenant” de forma eficiente. Por isso, uma “nova” suíte de OSS precisa interagir na arquitetura.
O controlador SDN no domínio do tenant, que pode ser um VNF, interage com os diferentes VNFs implantados coordenando como devem executar ações. O SDN no domínio de infra oferece suporte a essa rede, enquanto o SDN no domínio de tenant dá uma interface de gerenciamento de VNF programática e simplificada, com a convergência padronizada para múltiplas funções.
No entanto, há uma necessidade de coordenação entre esses dois controladores “MANO” (se o encadeamento de serviço for realizado em ambas as camadas, isso é muito importante). Além dessa coordenação citada, é preciso criar a interface entre o ecossistema OSS e o domínio da infraestrutura. De qualquer modo, na gestão dos tenants, o OSS poderá interagir com os VNF executando funções típicas de redes telecom como HSS, PCRF etc.
E o onde fica o BSS/OSS nas operadoras?
Para o objetivo da virtualização, as interfaces entre os sistemas de gerenciamento e orquestração devem estar bem definidas. Na verdade, não pode haver NFV ou SDN sem B/OSS!
Em um ambiente SDN, deve haver conexões entre o controlador SDN e o B/OSS. Em termos de padronização de uso e criação de serviços no que tange ao OSS, o TMForum, por exemplo, tem um programa focado em NFV e SDN.
Sabemos que vários domínios de rede existem na operadora, como móvel, Wifi, xDSL, Cabo, FTTH etc. À medida que os provedores de rede e serviços movem funções para a nuvem como recursos compartilhados em um data center e desejam otimizar o uso desses recursos é que se justifica a implementação de padrões convergentes de NFV e SDN.
Isso permite uma profusão de serviços implementados na NFV no data center. Há vários projetos neste contexto: OpenNFV, Opensource MANO (OSM), Open Stack, Kubernetes, entre outros.
Todos os projetos mencionados estão em blocos da arquitetura de referência do NFV e visam acelerar a implantação do NFV e automatizar o aprovisionamento de serviços dinâmicos por meio de gerenciamento e orquestração inteligentes. Geralmente, esses projetos contribuem para o desenvolvimento da padronização futura. Conhecer estes padrões, criar software de integração com controllers de tenants de NFV, com MANO é essencial para agenda de evolução dos sistemas de OSS e assim suportar implementações com virtualização e uso de data centers NFV em nuvem.
*Renato Botto, Consultor de Presales da Open Labs SA