BNDES vai atender diretamente provedores com financiamento acima de R$ 1 milhão, anuncia MCTIC

Numa decisão inédita, o BNDES vai fazer uma experiência de atender diretamente os empresários do segmento de mercado de provedores regionais com projetos de financiamento acima de R$ 1 milhão. Até então, as operações diretas do banco eram acima de R$ 20 milhões.
DSC_0789
Artur Coimbra, diretor do Departamento de Banda Larga da Secretaria de Telecomunicações do MCTIC foto: Meire Pereira

Em três meses, o BNDES deverá lançar uma experiência inédita de atender diretamente os provedores regionais com projetos de financiamento acima de R$ 1 milhão. Até então o banco atendia diretamente empresas com projetos de financiamento acima de R$ 20 milhões. Todas as demais empresas eram atendidas pelos seus parceiros conveniados, os bancos, nas chamadas operações indiretas. A exceção que vai ser feita aos provedores regionais, anunciada por Artur Coimbra, diretor do Departamento de Banda Larga da Secretaria de Telecomunicações do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), durante o Encontro Provedores Regionais, realizado hoje, 6, em Ribeirão Preto, SP, é resultado das dificuldades enfrentadas por esses empresários junto aos bancos conveniados para acessar os produtos do BNDES. E por se tratar de um segmento de mercado que, apesar do cenário macroeconômico, vem investindo em infraestrutura em função da demanda aquecida por banda larga.

A mudança da política do banco de desenvolvimento é resultado de um longo trabalho conjunto entre a equipe do Secretaria de Telecomunicações do MCTIC e a equipe do banco envolvida com formulação de soluções para PMEs e para segmentos especiais de mercado como o de banda larga. Há quatro anos, o banco já havia incluído a fibra óptica, embora tratar-se de um insumo e não de um equipamento, no Finame, o que possibilitou a muitos provedores utilizarem o financiamento em seus projetos de implantação de infraestrutura óptica.

A redução do valor das operações diretas para os provedores de acesso à internet permitirá a eles ter acesso ao FGI, o Fundo Garantidor de Investimentos, mantido pelo BNDES. Este acesso será possível a partir do segundo semestre, de acordo com Coimbra.

Desde 2014, o governo tenta construir um fundo garantidor para os provedores, que têm problemas em dar garantias para contratar investimentos, já que os bancos não aceitam as redes de telecomunicações como garantia. Embora já se tenha chegado a uma fórmula viável, por falta de recursos a proposta numa foi concretizada. Agora, finalmente, parece que a haverá uma solução, capaz de dar uma grande impulso ao mercado dos ISPs.

Os provedores regionais vêm crescendo, nos últimos anos, na casa dos dois dígitos e respondem por 16% dos acessos de banda larga fixa, de acordo com os dados oficiais da Anatel. Mas como os números oficiais são subnotificados, algumas consultorias, como a Adivisia estimam que sua participação nesse mercado chega a 25%. Nos municípios com população abaixo de 100 mil habitantes, respondem por mais de 50% do market share de banda larga.

Avatar photo

Lia Ribeiro Dias

Seu nome, trabalho e opiniões são referências no mercado editorial especializado e, principalmente, nos segmentos de informática e telecomunicações, nos quais desenvolve, há 28 anos, a sua atuação como jornalista.

Artigos: 416