BNDES registra lucro recorde de R$ 34,1 bilhões em 2021

O BNDES fechou 2021 com 167 projetos em sua carteira, 19 já leiloados, o que totaliza investimentos previstos da ordem de R$ 383 bilhões.
BNDES registra lucro recorde de R$ 34,1 bilhões em 2021 - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou lucro líquido recorde de R$ 34,1 bilhões em 2021, maior valor de sua série histórica, e volume 65% superior ao registrado em 2020. De acordo com o banco, o resultado fortemente marcado por ganhos com participações societárias (R$ 30,6 bilhões) e com a intermediação financeira (R$ 19,9 bilhões).

O banco fechou 2021 com 167 projetos em sua carteira, dos quais 19 já foram leiloados, o que totaliza investimentos previstos da ordem de R$ 383 bilhões – R$ 109 bilhões referentes aos projetos já leiloados.

No último trimestre de 2021, o BNDES registrou lucro líquido de R$ 7,7 bilhões. O desempenho foi fortemente influenciado pelo resultado com participações societárias, principalmente receita com dividendos/JCP (R$ 3,2 bilhões, líquidos de tributos) – com destaque para Petrobras –, resultado positivo de equivalência patrimonial (R$ 1,1 bilhão) – basicamente JBS –, além de alienação de ações, – também de JBS –, contribuindo com um lucro líquido de R$ 1,0 bilhão.

Além de ter gerado retorno positivo, essas operações contribuíram para diminuir o risco da carteira de renda variável do Banco às oscilações do mercado de capitais.

O lucro líquido anual de R$ 34,1 bilhões foi impactado ainda pelas alienações de ações de Vale, Klabin e JBS – que contribuíram com lucro líquido de R$ 6,0 bilhões, R$ 1,0 bilhão e R$ 1,0 bilhão, respectivamente – e receita com dividendos/JCP, acumulando R$ 7,3 bilhões (líquidos de tributos) – com destaque para Petrobras, Copel e Eletrobras. Também contribuiu para o bom desempenho o resultado positivo de equivalência patrimonial, que totalizou R$ 4,3 bilhões no ano – basicamente de JBS –, a reversão de provisão para perdas em investimentos na Petrobras (efeito líquido de R$ 3,5 bilhões) e a venda de debêntures da Vale (R$ 2,1 bilhões).

O resultado recorrente, que exclui operações de desinvestimento da carteira de renda variável e provisões para risco de crédito, entre outros, foi de R$ 15,8 bilhões em 2021. O indicador apresentou aumento de 96,9% quando comparado a 2020 (R$ 8,0 bilhões), refletindo a maior receita com dividendos/JCP e o acréscimo no produto da intermediação financeira, o que demonstra a consistência também da carteira de crédito do banco.

Sustentabilidade

Ao fim de 2021, 53,5% das operações de crédito do BNDES (considerando operações diretas e indiretas não automáticas) estavam ligados a projetos que apoiavam a economia verde e o desenvolvimento social. No ano, os desembolsos para iniciativas dessa natureza totalizaram R$ 7,8 bilhões e R$ 10,0 bilhões, respectivamente.

Ao todo foi viabilizada a geração de 1.730 MW de energia eólica – o suficiente para atender 3,3 milhões de residências – implementados 3.197 km de rede de distribuição de gás natural e construídas 2.142 cisternas em escolas públicas rurais, dentre outras Entregas para a Sociedade.

Foco em privatizações

O banco foi apontado pela provedora de dados Infralogic como o maior estruturador de PPPs, Concessões e Privatizações em infraestrutura para concessão entre seus pares, desbancando o IFC (Banco Mundial), o Banco de Investimentos Europeu (EIB) e o Banco Europeu Para Reconstrução e Desenvolvimento (ERDB).

O maior foco em privatizações e concessões é resultado do trabalho implementado pela Fábrica de Projetos. Atualmente, a carteira conta com 148 projetos em estruturação e 19 projetos leiloados, totalizando investimentos previstos da ordem de R$ 383 bilhões. Em 2021 o destaque foram os leilões de concessão dos quatro blocos de saneamento do Rio de Janeiro, que arrecadaram R$ 24,8 bilhões e devem gerar R$ 32 bilhões em investimentos.

Além desses, o Amapá fez a concessão integrada do saneamento básico de seus 16 municípios, com R$ 3,2 bilhões em investimentos e o estado do Alagoas leiloou mais dois blocos, com destaque para o Bloco B, integrando 34 cidades do Agreste e do Sertão alagoanos, arrematado por R$ 1,2 bilhão (ágio de +37.551%). Ao todo, em 12 meses foram leiloados 7 ativos de saneamento, 3 de energia elétrica e 1 de gás natural, mobilizando R$ 92,5 bilhões entre investimento e outorgas.

Em 2021, o produto de intermediação financeira atingiu R$ 19,9 bilhões, aumento de 55,2% em comparação ao ano de 2020, impactado pelo resultado na venda de debêntures, pelo aumento do saldo médio de disponibilidades, decorrente da monetização parcial da carteira de participações societárias (alienações de investimentos) e pela elevação na taxa SELIC, que remunera as disponibilidades, incluindo efeito de derivativos de taxa de juros.

O ativo do Sistema BNDES totalizou R$ 737,2 bilhões em 31 de dezembro de 2021, uma redução de 5,3% em relação a 31 de dezembro de 2020, decorrente, principalmente, das liquidações antecipadas de R$ 63,0 bilhões ao Tesouro Nacional.

Carteira

A carteira de crédito e repasses, líquida de provisão, totalizou R$ 439,5 bilhões, representando 59,6% dos ativos totais em 31 de dezembro de 2021 e manteve-se no mesmo patamar de 2020 (decréscimo de 1,7%). O efeito da apropriação de variação cambial e juros foi compensado pelo retorno líquido da carteira no ano. Os desembolsos totais, incluindo debêntures, outros ativos de crédito, operações de renda variável e não reembolsáveis, somaram R$ 64,3 bilhões em 2021.

Inadimplência e Renegociação

A inadimplência (+ 90 dias), foi de 0,19% em 31 de dezembro de 2021, inferior à inadimplência do Sistema Financeiro Nacional (2,30% na mesma data). O índice de renegociação atingiu 15,17% em 31 de dezembro de 2021, em função das renegociações no âmbito do programa emergencial Standstill – Setor Elétrico, para usinas hidrelétricas acima de 50 MW de capacidade instalada, que alcançaram 6,34% da carteira bruta. Desconsiderando efeitos de Standstill – Setor Elétrico e Standstill COVID-19, o índice de renegociação ficou em 1,66%.

A carteira de participações societárias totalizou R$ 66,6 bilhões em 31 de dezembro de 2021. A posição representa um decréscimo de 14,5% em relação a 31 de dezembro de 2020, em função das alienações de ações ocorridas ao longo de 2021 (R$ 16,4 bilhões). A carteira de participações societárias (avaliação gerencial) a valor justo em 31 de dezembro de 2021 era de R$ 77,9 bilhões.

Fontes de recursos

Em 31 de dezembro de 2021, FAT e Tesouro Nacional representavam 51,9% e 18,6%, respectivamente, das fontes de recursos do BNDES. O valor devido pelo BNDES ao Tesouro Nacional totalizou R$ 124,4 bilhões em 31 de dezembro de 2021, representando uma redução de 36,3% em relação à posição em 31 de dezembro de 2020. O decréscimo decorreu de liquidações antecipadas, no montante de R$ 63 bilhões, além de pagamentos ordinários de R$ 12,8 bilhões.

O FAT se manteve como principal credor do BNDES. Em 2021, ingressaram R$ 22,2 bilhões de recursos, sendo o saldo do fundo com o Banco de R$ 347,4 bilhões em 31 de dezembro de 2021.

O passivo com captações externas totalizou R$ 33,4 bilhões em 31 de dezembro de 2021, um decréscimo de 5,7% em relação ao saldo em 31 de dezembro de 2020, em função, principalmente, de amortizações contratuais.

Patrimônio líquido

O patrimônio líquido atingiu R$ 127,0 bilhões em 31 de dezembro de 2021, aumento de 12,4% em relação ao saldo em 31 de dezembro de 2020. O lucro líquido de R$ 34,1 bilhões foi atenuado pelo ajuste de avaliação patrimonial negativo, líquido de tributos, de R$ 11,4 bilhões, além do pagamento de dividendos/JCP intermediários de R$ 8,7 bilhões.

(com assessoria)

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Redação DMI

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