BC vê risco de lavagem de dinheiro nas operações da Binance

O risco de lavagem se daria pela falta de dados mais claros sobre os responsáveis pelos R$ 40 bilhões movimentados pela Binance em 2021.
BC vê risco de lavagem de dinheiro nas operações da Binance - Crédito: Freepik
Crédito: Freepik

A suspeita do Banco Central de lavagem de dinheiro na Binance, exchange cripto global que lidera o mercado brasileiro, está no centro da crise que levou a exchange de criptomoedas a suspender saques em reais no Brasil por quase um mês, afirma reportagem do jornal Folha de São Paulo.

O risco de lavagem se daria pela falta de dados mais claros sobre os responsáveis pelos R$ 40 bilhões movimentados pela corretora cripto em 2021.

Segundo o jornal, o Banco Central pediu dados de clientes ao banco Acesso, responsável pelas transações da corretora no Brasil sobre o alto risco de lavagem de dinheiro nas operações e exigiu o envio de informações detalhadas sobre os clientes.

O Acesso é uma empresa do grupo Méliuz que, até o mês passado, trafegava as transações dos usuários da Binance na rede do Pix. A operação contava com intermediação do banco digital Capitual. Em 17 de junho, a exchange cripto anunciou a suspensão dos saques via Pix e o rompimento com o Capitual e, consequentemente, com o Acesso.

No lugar da Capitual, braço financeiro da empresa com o banco Acesso, escolheu a Latam Gateway, que opera com o banco BS2.

Em meio à pressão do BC, as empresas entraram em litígio. No centro dessa disputa há, pelo lado da Binance, acusações de coação e de roubo de clientes e, pelo lado da Capitual e do Acesso, suspeitas de operações de lavagem contra a corretora.

Hoje, as corretoras de criptomoedas precisam ter um parceiro financeiro, como um banco (regulado pelo BC), para realizar as operações, mas o dinheiro movimentado pelos clientes não precisa circular em contas correntes individuais.

Todas as transações da Binance, por exemplo, passam por uma conta gráfica, uma espécie de conta corrente-ônibus que carrega todos os clientes lá dentro. Essa operação vinha sendo feita pela Capitual e pelo Acesso até ser rompida no mês passado.

O problema, segundo o BC, foi que a Binance movimentou R$ 40 bilhões em 2021 sem que o Acesso, a instituição regulada, tivesse qualquer controle sobre quem foram os clientes e se a origem dos recursos era lícita.

Em processo que corre em segredo de justiça em São Paulo, a Binance acusa o Capitual de exigir a individualização de contas bancárias de usuários sem provar que isso tenha sido exigido pelo BC. No entanto, segundo a Folha, a notificação do BC solicitava apenas dados dos clientes, como ocupação e renda.

Para a corretora, o Capitual teria tentado obter dados de clientes que não teriam sido necessariamente exigidos por autoridades brasileiras, e por isso o contrato com a fintech teria sido encerrado. No âmbito do mesmo processo, a Binance solicitou e teve atendido um pedido para bloquear US$ 450 milhões das contas do Capitual.

Procurada, a Binance afirmou, via assessoria, que “não é cliente do Acesso e que nunca foi informada sobre qualquer solicitação do Banco Central para individualização de contas”, e que “possui ferramentas e processos robustos para garantir que o ecossistema cripto seja seguro para todos os usuários”.

(com Folha de São Paulo)

Avatar photo

Redação DMI

Artigos: 1885