BC reconhece deterioração da inflação apesar da alta de juros

O Comitê de Política Monetária do BC prevê uma alta menor do que 1 ponto percentual para a taxa básica de juros em sua próxima reunião.
BC reconhece deterioração da inflação apesar da alta de juros - Crédito: Flickr BC
Sede do Banco Central em Brasília – Crédito: Flickr BC

O Banco Central reconhece que o ciclo intenso de alta nas taxas de juros dos últimos meses ainda não impactou a inflação e a atividade econômica conforme o esperado. É o que revela a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira, 10.

Na reunião do comitê, realizada nos dias 3 a 4 de maio, o BC elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual para 12,75%. Em comunicado, os membros do Copom enfatizaram que o ciclo atual “foi bastante intenso e oportuno”, com “muito do esperado efeito e seu impacto sobre a inflação corrente” ainda está para ser visto.

Na ata, o comitê prevê uma alta menor do que 1 ponto percentual para a Selic em sua próxima reunião. “Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude”, repetindo mensagem do comunicado divulgado na semana passada.

Segundo o colegiado, a “elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação”. Mas o comitê lembra “que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”.

Cenários externo e doméstico

O cenário externo e a deterioração do ambiente global podem ter, segundo os membros do Copom, consequências de longo prazo e se traduzir em pressões inflacionárias mais prolongadas. De acordo com o texto, os bancos centrais de países desenvolvidos e emergentes têm adotado uma postura mais contracionista em reação ao avanço da inflação, ainda que, em boa parte dessas economias, as taxas de juros correntes ainda estejam em campo avaliado como expansionista.

“Diante da potencial persistência do processo inflacionário, a reprecificação da política monetária nos países avançados tem impactado as condições financeiras dos países emergentes. O Comitê discutiu também os crescentes riscos em torno de uma desaceleração global em ambiente de inflação significativamente pressionada”, afirma.

O Copom ainda ressaltou que a inflação ao consumidor segue elevada, “com alta disseminada entre vários componentes, se mostrando mais persistente que o antecipado”.

Segundo a autoridade monetária, a inflação de serviços e de bens industriais se mantém alta, e os recentes choques levaram a um “forte aumento nos componentes ligados a alimentos e combustíveis”.

“As leituras recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos mais associados à inflação subjacente”, avaliou. Nos itens mais voláteis, o Copom destacou o aumento do preço da gasolina, com impacto maior e mais rápido do que o previsto.

O Copom pontuou ainda que os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária seguem com inflação elevada e as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação, que é de 3,25% para 2023 (horizonte relevante), com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023.

 

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Redação DMI

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