BC quer atrair mais empresas para o Open Finance

Atualmente, só 1% de CNPJ registrados no país compartilha dados com as instituições que estão no Open Finance; consentimentos de CPFs únicos chegam a 30 milhões
BC quer atrair mais empresas para compartilhar dados no Open Finance
Painel sobre usos práticos de uso dos dados de open finance no Fintouch 24 | Foto: Tele.Síntese

“É um número muito aquém do potencial. Precisa haver melhorias na jornada para atrair mais empresas”, disse Matheus Rauber, assessor sênior no Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC). Rauber se refere ao número de empresas que compartilharam dados no Open Finance, o sistema financeiro aberto que vem sendo implementado no país há quatro anos. 

Atualmente, só 1% dos CNPJs registrados no país, de um total de 22 milhões de empresas, compartilharam seus dados no Open Finance. “Já pedimos um diagnóstico desses dados”, afirmou o executivo do BC. É que tanto a autarquia quanto as instituições financeiras veem um grande potencial no crescimento do número de empresas com dados no Open Finance. 

“Ainda é um monstro adormecido”, avalia Iago Oselieri, CEO da InvestPlay. Oselieri participou de um painel nesta sexta-feira, 13 de setembro, sobre os casos de uso do Open Finance ao lado do representante do BC e de Gustavo Bresler, COO do Iniciador no Fintouch 24, evento organizado pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs). 

No geral, o Open Finance já alcançou 52 milhões de consentimentos de clientes bancários. Em número de consentimentos únicos, ou seja, contabilizando apenas um para cada CPF de brasileiros, chega-se a 30 milhões. O número de chamadas de APIs para troca de informações ultrapassou 2 bilhões. 

Na visão do executivo, do InvestPlay, mesmo os números de compartilhamento de dados de pessoas físicas ainda têm muito a ser explorado. “Se observar o portal do Open Finance, dá para ver que as fintechs estão dando um tiro em comparação aos bancos tradicionais. A descentralização dos dados dos cinco maiores bancos tem feito com que se consiga mais capacidade de olhar inovação, além de aumentar a competição”, disse. 

Já Bresler, do Iniciador, acredita que, ainda com espaço para avançar, o Open Finance no Brasil já está mais avançado do que em outros países. Ele comparou com a experiência da Inglaterra, onde o consentimento dos usuários para que seus dados sejam compartilhados entre as instituições ainda não chegou a 11% da população. No Brasil, o percentual de compartilhamentos únicos está em torno de 15%.

Para o executivo, um dos desafios do Open Finance é que a solicitação de consentimento a um cliente de outra instituição nem sempre é precedida de um benefício. “Preciso solicitar os dados sem dar um benefício imediato ao cliente porque tenho que, antes, tenho que aprender com esses dados para entender o que oferecer a ele”, explicou. 

Ainda com os desafios, os participantes do painel se mostraram confiantes com os próximos avanços do Open Finance. O BC contou que tem feito um monitoramento para melhorias nos próximos passos. “Estamos num patamar bom, mas pode melhorar em vários aspectos, como APIs, desempenho, operacionalidade, taxa de conversão. O BC tem atuado com a estrutura do Open Finance, mas também com as instituições”, disse Rauber.

Evolução do Open Finance

Entre as próximas etapas do Open Finance, estão previstas a entrada de mais instituições, como o BC anunciou em julho. Serão incluídas também aquelas que são relevantes em segmentos, como por exemplo, investimento e operações de câmbio, que tenham mais de 5 milhões de clientes. Com isso, a capacidade de consentimentos vai passar de 75% para 95% dos clientes do sistema financeiro. 

Os avanços também incluem o compartilhamento de dados de crédito, que vai começar pelo crédito pessoal sem garantia, seguindo para o consignado voltado para servidores públicos federais, até expandir para outras linhas. O cronograma do BC também inclui o compartilhamento de dados de investimentos. 

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Simone Costa

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