Batalha contra inflação ainda não está ganha, diz Campos Neto

Campos Neto afirma que o cenário para 2023 ainda é de incerteza e não descartou novo aumento na taxa básica de juros.
Batalha contra inflação ainda não está ganha, diz Campos Neto - Crédito: Divulgação
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central – Crédito: Flickr BC

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nessa segunda-feira, 5, em evento realizado pelo jornal Valor Econômico, que a instituição não pensa, neste momento, em baixar juros. Ele afirmou ainda que a batalha contra a inflação “não está ganha”.

“A gente entende que a inflação teve alguma melhora recente, mas grande parte da melhora foi por medidas do governo. Mas a gente entende que ainda tem elemento de preocupação grande. A mensagem é que a gente precisa combater esse processo, entendendo que a gente vai passar por três meses de deflação, muito provavelmente, mas que a batalha não está ganha”, afirmou Campos Neto.

Campos Neto disse que o cenário para o próximo ano ainda é de incerteza. “A gente ainda não tem certeza sobre o que vai acontecer, sobre a parte da volta dos impostos, como vai se dar, parte do auxílio, como vai ser financiado, parte dos municípios, como vai equacionar esse problema, o que mostra que o BC continua navegando num ambiente de alta incerteza, o que a gente tá dizendo agora é que nós vamos ser persistentes, nós vamos ser vigilantes”, ressaltou.

Próxima reunião do Copom

O presidente do Banco Central defendeu que a comunicação será fundamental para continuar o trabalho de controle da inflação. “A gente entende que tem que passar mensagem dura, a gente entende que a mensagem que se tem hoje é a mesma que se tinha na reunião do Copom, onde a gente disse que a gente analisaria uma possível um possível ajuste final”, disse.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária, no início de agosto, o Copom decidiu elevar a taxa Selic de 13,25% ao ano para 13,75% ao ano, alta de 0,5 ponto percentual. Em ata, o comitê disse que avaliaria a necessidade de um novo reajuste, de menor intensidade, no próximo encontro marcado para 20 e 21 de setembro.

A diminuição dos impostos, em ano eleitoral, foi uma estratégia adotada pelo governo e pelo Congresso. No entanto, apesar de terem segurado a inflação em 2022, essas medidas pressionam os preços para 2023, conforme já alertaram diversos economistas. Diante disso, o Banco Central já tem admitido que o foco é controlar a inflação em 2024.

Campos Neto pontuou que há muito do processo já realizado de alta de juros que ainda não fez efeito. “Entendemos que, em algum momento para e espera o efeito. Mas entendemos que temos meta e queremos fazer a convergência para meta”, frisou. Ele ainda destacou que, com o histórico de indexação no Brasil, o BC sempre tenta navegar evitando “fazer de menos” nos juros.

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Redação DMI

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