Bancos não querem juros altos, diz presidente da Febraban
Isaac Sidney, presidente da Federação Nacional de Bancos (Febraban), destacou o crescimento da carteira de crédito no país durante evento que marcou os cinco anos do Cadastro Positivo, nesta quinta-feira, 8 de agosto, em São Paulo. De acordo com o executivo, a carteira de crédito avançou 10% nos primeires meses do ano, ante um crescimento na casa dos 7% durante todo o ano 2023. Uma das razões apontadas para esse aumento, de acordo com ele, foi o processo de queda da Selic.
“Infelizmente, essa queda foi interrompida por um motivo sério para que possamos reavaliar as condições para atingir a meta de inflação. Apesar dessa interrupção, temos uma visão ainda promissora sobre o crescimento do crédito”, afirmou.
A taxa de juros básica da economia, que permaneceu por um ano em 13,75% entre junho de 2022 e junho de 2023, começou a cair e chegou a 10,5% em maio. Mas, nas duas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), permanceu no mesmo patamar.
Na terça-feira, 6 de agosto, o BC divulgou a ata da última reunião do Copom, que aconteceu nos dias 30 e 31 de julho e optou pela manutenção da Selic em 10,5%. O documento destaca que a decisão foi tomada por unanimidade e que o foco está em manter a inflação na meta.
“O Comitê avalia que a condução da política monetária é um fator fundamental para a reancoragem das expectativas e continuará tomando decisões que salvaguardem a credibilidade e, consequentemente, reduzam o custo da desinflação. O Comitê não se furtará ao seu compromisso com o atingimento da meta de inflação e entende o papel fundamental das expectativas na dinâmica da inflação”.
Mesmo com a previsão de manutenção da taxa de juros, o presidente da Febraban afirmou que o crescimento do crédito deve se sustentar e fechar o ano de 2024 na casa dos dois dígitos. Ele aproveitou a ocasião para dizer que, embora a instituição que representa os grandes bancos do país queira uma redução da Selic, é preciso “evitar ao máximo soluções que possam encarecer o custo do crédito”.
Ele ainda comentou que, apesar de haver afirmações de que os bancos querem juros altos, isso não é verdadeiro. “Queremos juros mais baixos, estáveis, que possibilitem que o mercado seja saudável, capaz de fomentar a economia”.
Sidney defendeu também o ajuste de contas do governo. “Ainda existem desafios no cenário doméstico. É fundamental que o país continue perseguindo o equilíbrio fiscal e estabilize o quanto antes a trajetória de crescimento das despesas. Isso reduz incertezas sobre o cenário econômico”, disse.