Ata do Copom ameniza embate com governo sobre juros
A ata do Copom – Comitê de Política Monetária – divulgada hoje, 7, está sendo vista pelo mercado como uma trégua entre o Banco Central e o governo Lula, depois que o presidente e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltaram a criticar os juros altos. Na ata, o BC avaliou que a execução do pacote fiscal do ministro Haddad, anunciado em janeiro, com foco principalmente na alta da arrecadação, “atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação”.
Apesar de uma referência mais clara ao pacote para as contas públicas, a ata do Copom observou que “será importante acompanhar os desafios na sua implementação” pelo governo. As medidas ainda precisam ser confirmadas pelo Congresso Nacional.
Em uma rede social nesta terça-feira, Lula afirmou ser favorável à responsabilidade fiscal, mas que a responsabilidade social é a “mais importante”.
Na primeira reunião do ano realizada na semana passada, o BC manteve a Selic em 13,75%. A taxa está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.
“Não obstante a desaceleração na margem [nos últimos meses], a inflação ao consumidor continua elevada. Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação, ainda que tenham apresentado alguma moderação na margem”, diz o documento.
As projeções de inflação do Copom são de 5,6% para 2023 e 3,4% para 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,6% para 2023 e 5% para 2024. No horizonte de seis trimestres à frente, referente ao terceiro trimestre de 2024, a projeção de inflação acumulada em 12 meses situa-se em 3,6%. “O comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”
(com agências).