Após derrota na Justiça, Meta encerra conexão direta com Deutsche Telekom

Holding de redes sociais não aceita imposição de taxa de interconexão na Alemanha e decide rotear tráfego de dados de seus apps por fornecedores de trânsito terceiros; operadora afirma que big tech distorce os fatos
Meta encerra conexão direta de seus apps com Deutsche Telekom
Disputa judicial contra Deutsche Telekom motivou corte de relações por parte da Meta (crédito: Freepik)

A Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp) anunciou, nesta quarta-feira, 25, o encerramento da conexão direta entre seus aplicativos e a rede da operadora alemã Deutsche Telekom. A decisão ocorre após a big tech perder uma disputa judicial de 20 milhões de euros (aproximadamente R$ 121,87 milhões) na Justiça da Alemanha.

A companhia norte-americana informou que, tendo em vista a decisão judicial que a obriga a pagar uma taxa pela interconexão, decidiu encaminhar o tráfego de rede de suas plataformas a um fornecedor de trânsito terceiro. Dessa forma, suas aplicações não terão mais tráfego direto com a rede da Deutsche Telekom.

Em comunicado, a Meta diz que a operadora alemã “está usando o seu poder de mercado para colocar os seus assinantes na Alemanha atrás de um acesso pago de facto, potencialmente restringindo o acesso aos serviços de internet que não pagam” pela interconexão.

Questionando o posicionamento da Deutsche Telekom e a decisão da Justiça alemã, a companhia liderada por Mark Zuckerberg também diz que, assim como outras empresas de internet, tem relacionamentos “recíprocos sem custo (sem acordo) com milhares de outros provedores de telecomunicações em todo o mundo”.

A Meta ainda sustenta que relações sem custo são o padrão global e beneficiam ambas as partes: os fornecedores de conteúdo, que investem em serviços, e as operadoras, que obtêm receita cobrando pelo acesso de banda larga.

Além disso, a big tech defende que investiu mais de 27 bilhões de euros (R$ 164,52 bilhões) globalmente em 2022 em infraestrutura digital, o que reduz a latência das aplicações e os custos de rede das operadoras.

“Não devemos subestimar o que está em jogo. As práticas da Deutsche Telekom estabelecem um precedente global perigoso e colocam em risco a ambição da neutralidade da rede e de uma internet aberta para consumidores, comunidades e empresas em todo o mundo”, afirma a Meta.

Outro lado

Em nota publicada também nesta quarta-feira, 25, a Deutsche Telekom afirma que “a Meta está, mais uma vez, distorcendo os fatos”.

Segundo a operadora alemã, o tráfego de dados executado por conexões diretas era feito mediante o pagamento de uma taxa. No entanto, a empresa norte-americana parou de efetuar os pagamentos durante a pandemia de covid-19. Diante disso, a saída foi buscar a via judicial.

“Em vez de aceitar a decisão de um tribunal alemão independente, a Meta comete agora uma falta grave”, assevera a Deutsche Telekom, acrescentando que continuará cobrando a taxa pelo serviço de transporte de dados. “Mesmo uma empresa como a Meta não está acima da lei”, frisa a companhia com sede em Bonn.

No mesmo comunicado, a Deutsche Telekom defende que a Comissão Europeia aprove um mecanismo vinculativo de resolução de litígios entre operadoras e plataformas.

“Se a Big Tech e as operadoras de rede não conseguirem chegar a acordo sobre um preço apropriado para o transporte de dados, um árbitro, por exemplo, uma autoridade reguladora, decidirá”, sugere.

A empresa alemã ainda disse que implantou capacidade suficiente para lidar com o tráfego de dados para novos pontos de transferência, de modo que seus clientes não devem enfrentar problemas para acessar os serviços da Meta.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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