Anatel aperta o cerco: conselho da Oi só pode assinar plano de recuperação depois de aval da agência
Os últimos movimentos do Conselho de Administração da Oi, que no dia 3 nomeou dois novos diretores para a Oi, acabando com qualquer oposição à aprovação de um novo plano de recuperação da companhia a ser submetido à Assembleia Geral de Credores (AGE), marcada, depois de dois adiamentos, para o dia 10 de novembro, acendeu o sinal amarelo na Anatel. Se a intervenção na concessionária há tempos já frequenta as conversas, como hipótese, nos últimos dias passou da fase de conjecturas para a de medidas prováveis. Ainda não se chegou lá, mas a Anatel, decidiu apertar o cerco. Em acórdão com data de hoje, 6, a agência estabelece que o plano de recuperação judicial (Plan of Suport Agreement- PSA), aprovado pelo Conselho de Administração no dia 6 e a ser submetido à AGE, só pode ser assinado pelo Conselho da Oi após aval do conselho diretor.
O acórdão 610 da Anatel dá prazo de 24 horas ao presidente do Conselho de Administração da Oi para que encaminhe ao conselho diretor da Anatel quais são os temos do PSA , para que ele seja examinado à luz da preservação dos interesses da companhia e dos interesse público já que se trata de uma concessionária de STFC. Ou seja, o Estado está obrigado a dar continuidade à prestação do serviço em caso de ele ser interrompido ou degradado. Do lado do Conselho da Oi, ele está obrigado a comprovar que o PSA não oferece riscos à continuidade dos serviços prestados à população pelo grupo.
O mesmo acórdão estende o acompanhamento feito por representante da Anatel, desde 2016, das reuniões do Conselho de Administração da Oi para as reuniões da diretoria executiva da empresa. A partir da agora, um representante da operadora vai acompanhar todas as reuniões. Embora não tenha nem poder de voto, nem de veto, pode solicitar documentos e informações para subsidiar o conselho.
Ao anunciar a aprovação do acórdão, o presidente da Anatel, Juarez Quadros, disse que ele é uma extensão da cautelar de 2016 e que o objetivo é municiar a Anatel de mais informações. Mas está claro que a agência não se sentiu confortável com a nomeação de dois conselheiros, favoráveis aos sócios Société Mondiale e Pharol, para a diretoria da Oi — o ex- ministro Hélio Costa, conselheiro indicado pelo empresário Nelson Tanure, e o também João Ribeiro, da cota da Pharol —, eliminando o poder moderador da diretoria na guerra entre credores e acionistas. Quadros também declarou que a Anatel não conhece os termos do novo plano de recuperação e, portanto, se antecipa ou não obrigações pecuniárias, o que poderia por em risco, a companhia e os próprios consumidores.