Anatel adia decisão sobre venda da Oi Móvel
A autorização da Anatel para a venda da Oi Móvel para as três grandes operadoras de telecomunicações – Claro, Vivo e TIM – ainda vai demorar, pelo menos até a próxima reunião do conselho Diretor da Anatel, prevista para o dia 10 de fevereiro. Isto porque, o conselheiro Vicente Aquino pediu vistas da matéria após a apresentação do voto do conselheiro relator da matéria, Emmanoel Campelo, que se manifestou pela aprovação da operação, com a adoção de diferentes “remédios”.
Os remédios sugeridos
Para mitigar os riscos da concentração no mercado e proteger a opção dos clientes, Campelo sugeriu que fossem adotados diferentes “remédios”. Para a preservação dos interesses dos clientes seriam o seguinte
- Garantia do direito de portabilidade a qualquer momento
- Segregação dos contratos que integram combos da Oi deve ser transparente e devidamente comunicada
- Não haverá migração automática de fidelização
- Ausência de cobrança de ônus contratual em virtude de quebra de fidelização dos contratos dos usuários de telefonia celular ou combo da Oi.
Foram também sugeridos a obrigatoriedade de novas ofertas de roaming para acesso dos ISPs – ou os prestadores de pequeno porte-, a efetiva utilização de espectro para a atuação dos Operadores Móveis Virtuais ( MVNO), e a não transferência de bens reversíveis da Oi sem a anuência prévia da Anatel.
A área técnica da Anatel já analisou a questão e sugeriu que o negócio seja liberado pela agência reguladora. Propôs, no entanto, condicionantes relacionados à venda de capacidade e uso do espectro no atacado e acesso à rede por ISPs e MVNOs, como detalhado pelo Tele.Síntese aqui.
A operação
A venda da Oi Móvel faz parte de seu processo de recuperação judicial. O leilão do ativo aconteceu em dezembro de 2020. Claro, TIM e Vivo se juntaram em um lance único de R$ 16,5 bilhões, aceito pela Justiça.
Cade
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (SG/Cade) recomendou a aprovação da venda da Oi Móvel pelas operadoras Tim, Claro e Vivo com a adoção de remédios negociados entre as empresas que mitiguem riscos concorrenciais.
A SG negociou com as operadoras um Acordo em Controle de Concentrações (ACC) que prevê contratos de Ran sharing e de aluguel de espectro adquirido do Grupo Oi em municípios com menos de 100 mil habitantes, além de Acordo de Roaming e operadoras de rede móvel virtual (Mobile Virtual Network Operator – MVNO) para acesso às redes móveis em atacado aos demais players.
No entendimento da SG, esses remédios têm como objetivo gerar condições para eventual entrada de concorrente no setor. Para a Superintendência, a medida poderia propiciar três efeitos: incentivos para que as compradoras rivalizem no mercado de atacado, a entrada de um operador de rede neutra, e a probabilidade de entradas no mercado de Serviço Móvel Pessoal (SMP) no varejo.
O acordo proposto possibilita também a oferta dos produtos em atacado para empresas que explorem diferentes modelos de negócio, tais como operadoras de redes móveis (Mobile Network Operator – MNOs) regionais, MVNOs e eventuais operadores de rede neutra. Além disso, o ACC prevê um trustee para monitorar as obrigações assumidas e mediar eventuais conflitos. Mas o tribunal antitrust ainda não aprovou a operação.