América Latina tem nove ataques cibernéticos por segundo

Diretor da Cisco afirma que os métodos tradicionais são insuficientes para inibir os crimes pela internet, que tiveram expressivo aumento de 60% nos últimos dois anos
Gilberto Vicente, diretor e especialista em cibersegurança / Foto: Cisco

Cancún, México * Especialistas em Tecnologia da Informação (TI)  advertiram, durante encontro Cisco Live 2019 que é preciso repensar a estratégia na luta contra o cibercrime na América Latina, passando a focar ações em educação e desenvolvimento de negócios.

A apreensão dos especialistas é baseada em boa parte em dados sobre o aumento expressivo dos delitos praticados via internet. A América Latina apresenta uma média de 9 ataques cibernéticos por segundo por conta dos 746 mil casos registrados entre 2017-2018. Esses dados representam um aumento de 60% em relação ao biênio anterior, de acordo com levantamento da empresa russa Kaspersky.

“Métodos tradicionais [cibersegurança] não são suficientes”, alertou o diretor de Vendas de Segurança da Cisco México e o especialista em assuntos de segurança cibernética, Gilberto Vicente. “Devido à natureza da região, onde os orçamentos não são grandes e não temos vocação bélica que nos ajude a desenvolver habilidades e capacidades, isso nos leva a um ponto que, juntamente com a digitalização que traz benefícios, nos expôs”, acrescentou.

Destacou ainda que o desafio é falar mais sobre oportunidades do que ameaças. “Precisamos democratizar a questão para que o usuário comum, o nativo digital e a sociedade em geral saibam como lidar com isso de uma perspectiva prática e não fatalista”, afirmou. 

Segundo Vicente, as campanhas de prevenção ao cibercrime não estão entrando em ação. “Precisamos de um tom mais positivo voltado para os negócios, para o valor que a cibersegurança pode dar [às pessoas]  para alcançar seus objetivos”, afirmou, pregando o que batizou de “higiene digital” para os usuários,

Responsabilidade compartilhada

Na mesma exposição sobre o tema, Belisario Contreras, gerente de segurança da Organização dos Estados Americanos (OEA), disse que a cibersegurança é uma responsabilidade compartilhada. 

O gerente explicou que há um ano foi firmada uma aliança entre OEA, governos e diferentes organizações, a exemplo da Cisco, com o objetivo de promover um conselho de inovação em cibersegurança.  Um conselho sobre o tema foi criado  com a participação de quatro países da América Latina: México, Brasil, Colômbia e Chile.

Para o diretor de Assuntos Públicos da Cisco América Latina, Mario de la Cruz, a cibersegurança “é um esporte de equipe, onde os governos fazem parte da liderança”, com a participação do governo, da iniciativa privada e a sociedade civil.

(*) Jornalista viajou a convite da Cisco

 

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Abnor Gondim

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