Alta inflação de março surpreende presidente do BC
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu hoje, 11, que a alta inflação de março – que bateu 1,62%, o maior dos últimos 28 anos para o mês – surpreende a autoridade monetária.
“A gente teve um índice mais recente que saiu, que foi uma surpresa. Me causou até alguma surpresa, a gente tinha mencionado que a gente estava vendo uma velocidade da passagem do combustível para a bomba um pouco mais rápida, e que esse próximo índice seria um pouco maior e o próximo [abril] um pouco menor. Parte foi isso, mas teve outros elementos, como vestuário e alimentação fora do domicílio, que vieram uma surpresa grande”, declarou Campos Neto.
Para ele, no entanto, o núcleo da inflação brasileira está na média. “O núcleo, o Brasil está um pouco mais na média”, disse. “Se estou fazendo um case que inflação é muito mais de demanda e muito mais persistente, o receituário diria que as taxas de juros iriam para campo restritivo.” O presidente do BC sinaliza, assim, que a alta inflação do mês passado, que surpreende a autoridade monetária, pode ter outros ingredientes, além dos problemas de oferta, devido a carência de diversos produtos importados, provocada pela pandemia e agora pela guerra na Ucrânia.
Mas o executivo alertou ainda que há pressão inflacionária em vários países do mundo. Ele participou de evento promovido por Traders Club (TC) e Arko. Entre os países que, segundo ele, estão com taxas elevadas, citou o Chile e a Colômbia. Observou que eses países estavam apresentando taxas não superiores a 0,15% e que, atualmente, estão convivendo com inflação de 1%. “Todos os IPCs estão subindo bastante”, disse.
Juros
O presidente do BC, sinalizou ainda que poderá haver, também no Brasil, maior arrocho monetário, com o encurtamento do ciclo de ajustes das taxas de juros. Ele afirmou literalmente: “O encurtamento do ciclo de ajuste nas taxas de juros pode ocorrer no mundo emergente”. “Principalmente se a inflação continuar surpreendendo para cima e crescimento para baixo,”, completou.
Os juros futuros começaram a sessão estáveis nesta segunda-feira, mas depois renovaram máximas e chegaram a avançar 25 pontos-base após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizer que o BC está “analisando a surpresa no IPCA para ver se muda algo na tendência”. Até agora o BC vem sinalizando que seu plano de voo é parar com o aperto monetário em maio, após uma alta de 100 pontos-base da Selic, para 12,75% ao ano.