À espera da Índia para adoção do 5G Broadcast
O 5G Broadcast não está totalmente descartado para transmissões móveis no Brasil. Mesmo que, no último dia 22 o Fórum Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD) tenha dito que vai recomendar ao governo a adoção do padrão tecnológico ATSC 3.0 para a futura TV 3.0 brasileira. Raymundo Barros, presidente do SBTVD e diretor de tecnologia da Globo, citou a Índia como uma possível influência para a uma decisão global desse padrão em sua adoção na telefonia móvel, o que não afetará o uso do padrão recomendado. A palavra final é do governo, que deverá publicar decreto até o final do ano.
Para Barros, a Índia tem influência sobre o mercado mundial. Isso porque “qualquer fabricante de smartphone que quiser ser um player no mercado indiano vai adotar o que o país decidir”, afirmou. Independente da sugestão, no Brasil, a recomendação é pela adoção do padrão norte-americano ATSC 3.0. Mas o 5G Broadcast poderaá usado para complementar a transmissão da TV aberta pelo celular. Para Raymundo, o padrão ATSC 3.0 suporta muito bem os sinais de TV e tem “muita qualidade para chegar em terminais portáteis pequenos, como celulares”.
A questão é o ecossistema necessário para a recepção de um dispositivo móvel funcionar. Ele envolve o fabricante do dispositivo, o radiodifusor e a tecnologia a ser adotada.
Estados Unidos
Para o diretor da Globo, no entanto, o engajamento das operadoras de celular é também importante para que o padrão tecnológico tenha sucesso nos aparelhos de celular. “ Nos EUA, os clientes vivem uma situação parecida com a nossa em 2007, onde celulares poderiam ser adquiridos através de pontos no plano da operadora de telecom. Mas no Brasil, não temos mais o mercado de smartphone de antigamente. Hoje nosso mercado é horizontal, a maior parte dos celulares é comprada no varejo. Nos EUA, os celulares são comprados associados a um plano da operadora, que te subsidia e te ‘prende’ por um determinado número de anos”. Em sua avaliação, não haveria, então, interesse das operadoras de celular pela adoção do padrão.
O papel da Índia
Para o presidente SBTVD, a Índia tem um papel que pode mudar esse jogo. “Neste momento, existe na Índia um processo decisório sobre o assunto. O problema do indiano, assim como o brasileiro, é que o plano de telefonia custa muito caro para renda média da população. Além disso, na Índia, a audiência da TV aberta é quatro vezes maior no celular do que na tela da casa das pessoas”, explicou. No país, é comum encontrar residências que não possuem televisores.
“O que se espera é que as decisões tomadas na Índia criem a escala para o que vai acontecer no mundo. Aqui no Brasil, ao se adotar ATSC 3.0 a gente tem intrinsecamente a possibilidade de fazer mobilidade se a questão de ecossistema for superada nos EUA a partir das decisões que a Índia tomar. Porque se a Índia tomar a decisão pelo ATSC 3.0, todos os fabricantes de smartphone que quiserem ser um player no mercado indiano vão adotar esse formato”, concluiu.
Porém, caso 5G Broadcast seja adotado lá, possivelmente o Brasil vai também adotá-lo como forma complementar ao ATSC 3.0. Em relação ao fixo, Raymundo disse que o 5G Broadcast não tem capacidade de prover as experiências necessárias.