61% dos professores já apoiaram alunos em situações sensíveis na internet
Embora as escolas do País ainda convivam com diversos obstáculos no que diz respeito à plena utilização da internet para fins pedagógicos, os professores vêm se tornando, cada vez mais, fontes de suporte a alunos que enfrentam situações sensíveis na rede.
De acordo com a pesquisa TIC Educação 2022, divulgada nesta segunda-feira, 25, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 61% dos docentes deram apoio a estudantes de Ensino Fundamental e Médio diante de circunstâncias delicadas vivenciadas na web nos 12 meses anteriores à realização do estudo (as entrevistas foram feitas entre outubro de 2022 e maio de 2023).
A taxa é superior à observada na edição da pesquisa referente ao ano 2021, quando menos da metade dos professores (49%) reportava ter ajudado alunos em situações ocorridas na internet.
Segundo o estudo, entre os motivos pelos quais os professores foram procurados estão uso excessivo de jogos e tecnologias digitais (46%), ciberbullying (34%), discriminação (30%), disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento (26%) e assédios (20%) – o apoio a todas estas situações cresceu na comparação entre as pesquisas.
O relatório também mostra que, em praticamente todas as faixas etárias, quase a metade dos alunos afirmou recorrer aos professores ou educadores da escola quando precisam de informações sobre o uso de tecnologias digitais: de 9 a 10 anos (46%); de 11 a 12 anos (43%); de 13 a 14 anos (43%); de 15 a 17 (45%).
No caso de estudantes de 18 anos ou mais, o percentual cai para 28%. Esta faixa etária é a que diz que mais busca informações sozinha (97%), com outros alunos e amigos (72%) ou por meio de cursos online (46%).
Uso seguro e crítico da internet
Segundo a pesquisa, 89% dos professores realizaram atividades com os alunos sobre temas relacionados ao uso seguro, responsável e crítico da internet. O assunto mais proeminente (78%) diz respeito a fake news e compartilhamento responsável de conteúdos e opiniões na web.
Em seguida, aparecem ciberbullying, discurso de ódio e discriminação na internet (76%) e exposição, assédio ou disseminação de imagens sem consentimento na rede (71%).
As temáticas também envolvem problemas de saúde física e mental (67%), proteção à privacidade e aos dados pessoais (64%), exposição à publicidade (63%) e desenvolvimento responsável e ético de novas tecnologias (39%).
A maioria das abordagens ocorre em conversas e debates em sala de aula (83%).
“Pelos dados, vemos que há cada vez mais demanda para discutir o uso das tecnologias e pensar formas de se ter tecnologias mais adequados aos direitos dos alunos. Tudo isso faz parte das agendas de conectividade nas escolas”, avaliou Daniela Costa, coordenadora da TIC Educação. “Essa educação digital precisa chegar aos alunos por meio dos educadores, que também precisam de desenvolvimento de habilidades para serem os disseminadores dessas capacidades nas escolas”, complementou, em evento online de divulgação do estudo.
Segundo a pesquisa, 75% dos professores afirmam que a falta de um curso específico dificulta a adoção de tecnologias digitais nas atividades educacionais.